Diplomacia aquática: a natação chega ao Haiti
No último encontro do Bureau da Fina (Federação Internacional de Natação), realizado em Cancun, foi anunciado a filiação do 204º membro da comunidade aquática: o Haiti. Assim como outras entidades esportivas, como Fifa e COI, a Fina tem mais membros filiados do que a Organização das Nações Unidas. A ONU conta com 193 nações em seu quadro oficial, mas não reconhece territórios autônomos e ultramarinos que não são oficialmente países, caso de Aruba, Ilhas Cayman, Ilhas Faroe e Palestina, por exemplo, todas filiadas a Fina. Nação mais pobre das Américas e atingido por um terrível terremoto em 2010 que praticamente acabou com tudo, o pequeno país caribenho procura dar suas primeiras braçadas. Mas como é a natação neste país?
Fundada em 1994, a Associação de Natação do Haiti nasceu em decorrência de um grave problema social: as mortes por afogamento. Cerca de 75% do território do país é cercado por água. Como boa parte da população vive em condições extrema de pobreza e muitas vezes sem as mínimas condições de higiene e com frequente falta de alimentos, saber nadar nunca foi uma das prioridades dos haitianos. Criada inicialmente como uma instituição para salvar vidas, aos poucos a Associação de Natação do Haiti vem tentando incrementar a prática da natação no país.
Após ter sido aceito na comunidade aquática da Fina, o Haiti deverá agora se filiar a Confederação de Natação Centroamericana e do Caribe para poder disputar competições continentais da região. Mas até isso é algo que parece distante da realidade haitiana. Segundo informações do site Haiti Libre, existe apenas uma piscina no país que fica no Centre Sportif de Carrefour, um complexo esportivo com campo de futebol, pista de atletismo e quadras, que foi construído em 1982. Descrita como piscina olímpica, mas sem medição oficial, precisa de uma grande reforma e de água. Sim, a piscina hoje é apenas um tanque vazio.
A prioridade do país agora é aplicar a prática da natação, formar novos professores e salva vidas para depois pensar em algo competitivo. Começar do zero. Quem sabe um dia no futuro haja nadadores do Haiti em competições internacionais para repetir os feitos de Alain Sergile. Nascido no pequeno país caribenho, o nadador radicado nos Estados Unidos disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e terminou a prova dos 100m borboleta com 58s23, na 56ª posição.
Vale lembrar que em 2011, o nadador e técnico de águas abertas Luiz Lima foi ao país junto com outros atletas para uma missão de paz. Lá participou da inauguração de um complexo esportivo em Porto Príncipe. Quem sabe um dia essas crianças na imagem abaixo com Luiz sejam atletas e ajudem o Haiti a se reconstruir.
Por Guilherme Freitas
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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