Experiência gelada: nadando na Geleira Perito Moreno

Um nadador argentino realizou uma grande façanha nas águas abertas internacionais. Rubén González atravessou a nado 1,8 km nas águas que envolvem a Geleira Perito Moreno, um glaciar gigante localizado ao sul da Argentina, na região da Patagônia, próximo a fronteira do país com o Chile. Já aconteceram muitos desafios e travessias em águas geladas ao longo da história, mas o detalhe é que González fez todo o percurso sem nenhuma proteção especial. Usou apenas sunga, touca e óculos. A temperatura da água batia em 8°C quando ele começou a dar suas braçadas nas águas da geleira.

González nadando na Geleira Perito Moreno – Foto: Arquivo Pessoal

Em conversa com a SWIM CHANNEL ele conta que no ano passado o nadador já havia feito uma travessia similar ao atravessar o Canal de Beagle (um estreito que separa as ilhas do arquipélago da Terra do Fogo na região da fronteira entre o Chile e a Argentina) nas mesmas condições. "A ideia de fazer esta travessia em Perito Moreno surgiu depois que atravessei o Canal de Beagle. Queria mostrar a todos que esta travessia não é impossível. Basta ter força de vontade, coragem e treinar bastante", diz o nadador que durante sua travessia recebeu apoio de uma embarcação de turistas japoneses e teve que desviar de um iceberg gigante que estava na sua rota, mas jamais pensou em desistir ou adiar a data de concluir este desafio.

Ao longo do percurso, González foi acompanhado por um barco da Guarda Costeira argentina e pelo seu staff. No barco estava uma das maiores nadadoras de águas abertas do país: María Inés Mato, que já nadou nas geladas águas da Geleira Perito Moreno e concluiu travessias famosas como o Canal da Mancha e o Estreito de Gilbratar. Ela também é treinadora de González e foi uma das pessoas que mais o incentivou. Mas como é que ele conseguiu suportar a baixa temperatura da água e realizar essa missão quase que impossível?

O nadador posa na geleira – Foto: Arquivo Pessoal

"Quando eu estava na água não pensei em muita coisa. Estava muito concentrado para concluir a travessia. Minha técnica me disse que as condições meteorológicas não eram tão boas, mas estava muito relaxado e sem pressão. Só pensei em nadar", conta o argentino que crê que a força psicológica faz toda a diferença em situações como essa.

Para conseguir nadar nas gélidas águas de Perito Moreno sem nenhum tipo de proteção, González conta que fez uma preparação especial. "O método de preparação e adaptação para aguentar a baixa temperatura foi longo. Primeiro comecei a tomar banho diariamente com água gelada, inclusive durante o último inverno. Fazia imersões em piscina de gelo e nadei algumas vezes no sul da Argentina, onde a temperatura da água é mais fria, para ir adaptando meu corpo a sensação que iria encarar no dia do desafio", revela González que já planeja novos desafios para as águas abertas em situações extremas, mas que não tem nada definido ainda. Fiquemos de aguardo para sua próxima travessia.

O staff de González no barco de apoio – Foto: Arquivo Pessoal

Por Guilherme Freitas