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Reencontros: o depoimento de Djan Madruga sobre o Mundial Master

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27/08/2014 13h40

Um dos maiores nadadores que o Brasil já teve, Djan Madruga é mais um ex-olímpico que nunca abandonou de verdade as piscinas. Entre vários brasileiros, esteve em Montreal, no Canadá, para disputar o Mundial Master de natação, trazendo na mala 5 medalhas de ouro e um recorde de campeonato.

Uma grande contribuição para a campanha brasileira, que teve no total 52 medalhas de ouro e 12 recordes batidos, entre os Mundiais e de competição.

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Até pela proximidade, a participação dos americanos foi bastante intensa, e eles foram os grandes vencedores em números de medalhas: 167 ouros atravessaram a fronteira. E, apesar de nadarem em casa, os canadenses ficaram praticamente empatados com os brasileiros, levaram 53 medalhas de ouro. Não restam dúvidas: o Brasil se torna cada vez mais o país da natação master.

Acompanhe o relato emocionante de Djan Madruga à Swim Channel sobre o que é o espírito da natação master.

Pensei em contar algo marcante nesse evento, e sem dúvida para mim foi retornar ao local onde aconteceu  minha primeira Olimpíada em 1976, ou seja exatos 38 anos depois, e reencontrar um amigo e ídolo que não via há décadas, Jim Montgomery. Com isso fiz uma conexão daquele evento em 1976 com este.

Naquela Olímpíada eu fui muito feliz ao conseguir resultados expressivos, como o recorde olímpico dos 400m livre nas eliminatórias, me tornando o  primeiro atleta a nadar abaixo de 4 minutos em Jogos Olímpicos. À noite  fiquei em quarto na final, um resultado inesperado para um brasileiro na época. Graças a esse resultado, e como eu só tinha 17 anos, fui muito recrutado pelas  grandes universidades americanas para competir o NCAA no ano seguinte. Mas meu coração estava com Indiana University, que já tinha visitado e cujo treinador era "Doc Counsilman", o melhor técnico do mundo, que havia treinado Mark Spitz  ( O Michael Phelps do século XX) e  não por acaso era também o técnico chefe da equipe olímpica americana em Montreal. Lá, o Doc me  convidou para assistir com ele a final olímpica dos 100m livre, me dizendo que eu iria presenciar um fato inesquecível. Fui meio sem graça por ser o único brasileiro no meio da  equipe  americana, mas realmente foi espetacular ver o gigante de 1,91m Jim Montgomery vencer e  baixar a barreira dos 50 segundos pela  primeira vez no mundo, e logo numa final Olímpica. Lembro vividamente que o Doc, na passagem dos 50m, começou a falar e repetir sem parar "Oh my God, oh my God, oh my God!", e olhava para um cronometrozinho, como não acreditando no que o seu atleta estava  fazendo. Tempo final de 49s99! A piscina veio abaixo com todos batendo palmas em pé. Não preciso nem dizer que fui parar em Indiana para treinar com o Doc, e de tabela fiquei amigo de Jim que se tornou um dos meus ídolos na natação.

E foi com enorme prazer que reencontrei o gigante Jim em Montreal nesse Mundial Master e fui logo perguntando a ele o que iria nadar. Ele disse que os 50m livre, a prova com recorde de 140 inscritos na competição, a ser realizada em 145 séries previstas para durar 3h. Eu avidamente fui ver os resultados esperando um novo recorde mundial master da fera. Porém, apenas um modesto 30s59 que lhe rendeu o 42º lugar. Mas a explicação está no espírito do máster. Jimbo, como costumávamos chamá-lo, estava ali mais focado num grupo de nadadores do Dallas Aquatic Masters, equipe que ele treina, e não estava ligando para resultados particulares. Fica a lição para aqueles que vão para uma competição de masters achando que só vale a pena se ganhar medalha. Jim Montgmorey, tricampeão olímpico, humildemente provou que não é preciso. Basta participar.

Djan e Jim no Parc Jean Drapeau (Foto: Arquivo Pessoal)

Djan e Jim no Parc Jean Drapeau (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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