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Desafio Piraquê Raia Rápida: melhor a cada ano

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09/09/2014 00h53

O Desafio Piraquê Raia Rápida nasceu em 2012, no ano dos Jogos Olímpicos de Londres, visando atrair olhares de todo o mundo para a natação em direção à Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Para isso, a meta dos organizadores era mesclar formato atrativo, grandes nomes e exposição na mídia.

Estamos em 2014, o evento vai para sua terceira edição e já é um sucesso de público e crítica. Apesar de não ser uma competição oficial da FINA, não são poucos os nadadores que querem disputá-la. No ano passado, a sueca Therese Alshammar, campeã mundial, declarou publicamente em uma rede social que não vê a hora de criarem a versão feminina para ser convidada.

A competição, que conta com o apoio da SWIM CHANNEL e tem no editor chefe Patrick Winlker seu diretor técnico, acontecerá no próximo domingo, 14 de setembro, na piscina do Botafogo, o famoso Mourisco, às margens da Baía de Guananbara no Rio de Janeiro. Quatro equipes com quatro dos mais velozes nadadores do mundo começam a chegar na cidade carioca a partir de hoje: África do Sul, Austrália, Brasil e Estados Unidos.

Coletiva de imprensa da edição de 2013 (foto: Satiro Sodré)

Coletiva de imprensa da edição de 2013 (foto: Satiro Sodré)

As provas serão televisionadas ao vivo pela Rede Globo, dentro do Esporte Espetacular, com comentários de Gustavo Borges. O sistema de disputa, que no final apontará um país vencedor, é simples. Cada país contará com um nadador em cada uma das provas de 50 metros (borboleta, costas, peito e livre). Na primeira rodada, os quatro nadam. O último colocado é eliminado e recebe um ponto. Na rodada seguinte, voltam os três melhores. Novamente, o último é eliminado e recebe dois pontos. Na rodada final, um duelo entre os dois melhores aponta o vencedor do estilo. São quatro pontos para o vencedor, e três para o vice. Ao final das provas individuais, é disputado um revezamento 4x50m medley com as quatro equipes, com pontuação dobrada (oito pontos para o vencedor, seis para o segundo e assim por diante). O país que somar mais pontos é o vencedor do evento.

As equipes

A Austrália, equipe com melhor aproveitamento nas duas primeiras edições do Raia Rápida (vice em 2012 e campeã em 2013), desta vez está desfalcada. Matt Targett, presente nas duas edições e vice-campeão mundial dos 50m borboleta em 2009 e 2011, se aposentou. Christian Sprenger, presente no ano passado, campeão mundial dos 100m peito em 2013, está lesionado. James Magnussen, que nadou na edição de 2012, atual bicampeão mundial dos 100m livre, tinha presença confirmada, mas uma lesão nas costas o impediu de vir. O único remanescente é Daniel Arnamnart, nadador olímpico, no nado costas. James Stacey e Kurt Herzog substituem Sprenger e Magnussen. Jayden Hadler, que também fez parte da seleção olímpica em 2012, nada o borboleta.

Toucas que serão utilizadas pelas equipes (foto: Patrick Winkler)

Toucas que serão utilizadas pelas equipes (foto: Patrick Winkler)

Quanto aos outros países, o line-up chega a ser inacreditável. A África do Sul vem com uma equipe totalmente estrelada, os Estados Unidos, campeões em 2012, conseguiram reforçar ainda mais a equipe e o Brasil vem com o time mais forte que já contou nas edições da competição. Dos 12 nadadores desses países, nada menos que 10 são medalhistas individuais em campeonatos mundiais. E um dos dois que não são é o atual recordista mundial junior e campeão olímpico da juventude.

Este é o brasileiro Matheus Santana, a atual sensação da natação do país. Se juntam a ele Guilherme Guido, ex-recordista dos 50m costas do Campeonato Mundial e bronze nos 100m costas no Mundial de Curta de 2012; Felipe França, campeão mundial dos 50m peito tanto em longa (2011) quanto em curta (2010) e ex-recordista mundial da prova; e Nicholas Santos, atual campeão mundial dos 50m borboleta em piscina curta e líder do ranking mundial da prova em piscina longa em 2013.

A África do Sul traz Gerhard Zandberg, campeão mundial dos 50m costas em 2007 e bronze em 2003, 2009 e 2011; Cameron van der Burgh, campeão olímpico dos 100m peito em 2011 e campeão mundial dos 50m peito em 2009 e 2013; Giulio Zorzi, bronze nos 50m peito no Mundial de 2013; e Roland Schoeman, campeão mundial dos 50m livre em 2005 e 50m borboleta em 2005 e 2007, campeão olímpico do revezamento 4x100m livre, vice nos 100m livre e bronze nos 50m livre em 2004.

O sul-africano Cameron van der Burgh, atual campeão olímpico dos 100m peito (foto: Reuters)

O sul-africano Cameron van der Burgh, atual campeão olímpico dos 100m peito (foto: Reuters)

Os Estados Unidos também tem uma equipe impressionante. David Plummer é o atual vice-campeão mundial dos 50m costas; Mike Alexandrov é o atual bicampeão mundial do revezamento 4x100m medley em piscina curta e vice-campeão mundial universitário dos 100m peito em 2013; Eugene Godsoe é o atual vice-campeão mundial dos 50m borboleta; e Anthony Ervin foi campeão olímpico dos 50m livre em 2000 e campeão mundial dos 50m e 100m livre em 2001.

50m costas

Plummer tem um ligeiro favoritismo, pois, além de ter velocidade, tem um final de prova muito bom nos 100 metros, o que lhe dá endurance para eventuais três caídas n'água de 50m costas. Arnamnart, apesar de ter o pior tempo dos quatro competidores, tem experiência na disputa e sabe perfeitamente o que vai encarar, ao contrário dos outros três. Guido está veloz, teve um excelente Troféu José Finkel e sabendo administrar o cansaço é a nossa aposta para chegar ao duelo final contra Plummer. Zandberg, apesar da categoria e da experiência, já tem mais de 30 anos e ficou alguns meses sem treinar no ano passado, quando quase se aposentou. É veloz, mas Guido tem mais condições de aguentar três tiros de 50 metros.

50m peito

Stacey está um patamar abaixo dos adversários e se não ocorrer surpresas deve ser o primeiro eliminado. Entre os quatro, Alexandrov é o que mais costuma nadar os 200m peito e tem resistência para aguentar seguidas caídas n'água. Mas todos querem ver um duelo final entre Felipe França e Cameron van der Burgh, rivais de longa data: em 2009, o brasileiro bateu o recorde mundial dos 50m peito, mas o sul-africano tomou para si no Campeonato Mundial daquele ano e deixou França com a prata. No Mundial de curta de 2010 e no Mundial de 2011, o troco: ouro para o brasileiro, com o sul-africano em degraus mais baixos no pódio. França está em excelente forma e vem de um Troféu José Finkel exuberante, além de uma prata no Pan-Pacífico. Van der Burgh fez seu melhor tempo sem trajes esse ano em piscina longa. Enfrentou problemas de contusão, mas chega forte. Um duelo imprevisível e imperdível.

50m borboleta

Hadler não prima pela velocidade, mas nada bem provas de 100m e 200m e pode surpreender se sobreviver ao primeiro duelo, com o objetivo de se aproveitar de sua resistência nas rodadas seguintes. Zorzi é uma incógnita: especialista no peito, terá que nadar borbo devido a presença de Van der Burgh. Os favoritos são mesmo Godsoe e Nicholas, que no ano passado também fizeram o duelo final. Apesar da idade (33 anos), Nicholas segurou bem e fez um tempo expressivo em 2013, derrotando o americano que vinha de uma medalha de prata no Mundial de Barcelona.

Nicholas Santos, vencedor dos 50m borboleta em 2013 (foto: Satiro Sodré)

Nicholas Santos, vencedor dos 50m borboleta em 2013 (foto: Satiro Sodré)

50m livre

Herzog, indicado pelo próprio James Magnussen para substitui-lo, jamais nadou abaixo de 23 segundos e será uma surpresa caso consiga até mesmo passar pela primeira rodada. Entre os competidores, Ervin é o que vem sendo o mais veloz, mas, com idade acima de 30 anos, resta saber se conseguirá manter o fôlego em três rodadas de alta intensidade. O mesmo vale para Schoeman, que tem uma das melhores saídas de bloco do mundo. Matheus Santana, de somente 18 anos, obviamente ainda não tem a explosão e a massa muscular que adquirirá naturalmente com o tempo, mas prima por um final de prova de 100m livre primoroso. Ou seja, tem mais condições de suportar o cansaço da competição. Será um interessante duelo de estratégias.

Revezamento 4x50m medley

Aqui, tudo dependerá do que terá acontecido nas provas individuais. Quem nadar mais vezes chegará mais cansado. No ano passado, a França teve todos seus nadadores eliminados na primeira rodada das provas individuais e quase venceu o revezamento, pois seus atletas chegaram mais descansados que os dos outros times. No papel, considerando a soma dos melhores tempos de 2014 dos nadadores, os Estados Unidos levam ligeira vantagem (1:37.93), seguidos de Brasil (1:38.07) e África do Sul (1:38.72). Mas aqui a velocidade não é tudo, e sim a capacidade de manter um alto nível minutos após ter nadado as provas de 50 metros. Por isso, é totalmente imprevisível. E como será a prova que decidirá o troféu, a emoção permanecerá até o fim.

Por Daniel Takata

Piscina do Mourisco/Botafogo, com sua visão privilegiada do Rio de Janeiro (foto: Satiro Sodré)

Piscina do Mourisco/Botafogo, com sua visão privilegiada do Rio de Janeiro (foto: Satiro Sodré)

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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