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O recorde mais forte da história?

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07/11/2014 13h04

Nos últimos meses, fomos surpreendidos com dois recordes mundiais inacreditáveis. Tanto que logo foram considerados entre os mais fortes de todos os tempos. O Blog do Coach apontou o tempo de 15min28s36 nos 1500m livre da americana Katie Ledecky, no Pan-Pacífico em agosto, como a maior performance da história. A Swim Brasil levanta a possibilidade da marca de 24s43 da sueca Sarah Sjoström nos 50m borboleta, no início de julho, ser a mais impressionante de todos os tempos.

Afinal, qual recorde é mais forte? E teria havido outro recorde comparável na história da natação?

Quando a americana Mary T. Meagher bateu o recorde mundial dos 200m borboleta em 1981 com 2min05s96, a segunda nadadora mais rápida da história da prova estava quase quatro segundos atrás. Na época, foi tido como um recorde comparável ao obtido por Bob Beamon no salto em distância na Olimpíada de 1968, considerado o recorde mais impressionante de toda a história do esporte, e que até hoje permanece como recorde olímpico.

Mary T. Meagher (foto: Chris Georges/Swimming World)

Mary T. Meagher (foto: Chris Georges/Swimming World)

Em tempos mais recentes, a marca mais impressionante pertence a Michael Phelps. Quando ele nadou os 200m medley para 1min55s94 em 2003, nenhum outro nadador completara a prova abaixo de 1min58s, e menos de oito abaixo de dois minutos.

Atualmente, para comparar desempenhos em provas diferentes, a FINA utiliza uma tabela de pontos, atualizada no início de cada ano. 1000 pontos correspondem ao recorde mundial no dia 1º de janeiro do ano vigente. Pontuações acima de 1000 indicam tempos mais rápidos.

O tempo de Sarah Sjoström nos 50m borboleta obteve uma pontuação de 1080. Um índice fortíssimo. O recorde de Katie Ledecky nos 1500m, por sua vez, alcançou 1027. Por esse critério, a marca da sueca é mais forte de da americana.

Por tomar como tempo base somente o recorde mundial no início do ano, esse sistema de pontuação não leva em conta necessariamente a evolução geral da prova. Outro sistema, o IPS (International Point Score), utilizado em alguns países para cálculo do índice técnico, leva em consideração a média dos tempos dos oito mais rápidos nadadores da história de cada prova. Ou seja, indica o quanto uma nova marca é boa em relação ao panorama histórico da prova, e não somente em relação ao recorde mundial vigente. Um critério mais justo.

Pelo IPS, Sjoström obteria 1056 pontos. Ledecky, por sua vez, teria 1026. Podemos utilizá-lo não só para comparar provas diferentes, como também épocas distintas. Mary T. Meagher obteria 1046 pontos em 1981. Em 2003, Michael Phelps conseguiu 1041.

A marca de Sjoström foi realmente impressionante. Ela melhorou em mais de meio segundo um recorde que vinha da era dos trajes tecnológicos. Para alcançar os mesmos 1056 pontos, os tempos equivalentes nos 100m livre feminino e masculino seriam, respectivamente, 50.73 e 45.38 (os recordes mundiais, que vêm da época dos trajes tecnológicos, são de 52.07 e 46.91)!

Sarah Sjostrom (foto: Quinn Rooney/Getty Images)

Sarah Sjostrom (foto: Quinn Rooney/Getty Images)

Mas pode-se dizer que, em uma prova como o 50m borboleta, no geral, os tempos não são tão rápidos quanto seriam se a prova estivesse no programa olímpico. Em anos olímpicos, pouquíssimos atletas se dedicam a provas de 50m estilos, e é justamente quando muitos deles estão no auge da forma. Países de tradição como Estados Unidos e Japão notoriamente não dão muita importância a essas provas.

Portanto, a pontuação de 1056 de Sjoström talvez fosse um pouco menor se desempenho semelhante fosse obtido em uma prova olímpica. Talvez no nível das obtidas por Meagher e Phelps. O que não se pode negar é que foi fora do padrão: ela teria alcançado o quarto lugar nos 50m livre na Olimpíada de Londres nadando borboleta. Nunca se viu algo semelhante.

Quanto a Ledecky nos 1500m livre, por mais que tenha abaixado seis segundos de seu antigo recorde mundial, precisaria de mais uma boa melhora para chegar ao patamar dos recordes citados. De qualquer forma, depois da marca de Sjoström, é a que alcança maior pontuação este ano. E, pela idade da nadadora e pela evolução que vem mostrado, alguém duvida que ela tenha capacidade de conseguir mais marcas históricas?

Por Daniel Takata

Katie Ledecky (foto: Lluis Gene/AFP/Getty Images)

Katie Ledecky (foto: Lluis Gene/AFP/Getty Images)

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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