Do céu ao inferno

Essa talvez tenha sido a melhor definição de como foi 2014 para Michael Phelps. Da celebração pela sua volta as piscinas a melancólica quase prisão em dezembro. Um turbulento ano que pode refletir negativamente na preparação de seu grande objetivo dentro d'água: os Jogos Olímpicos de 2016.

Em abril Phelps retornou as competições após ficar 20 meses aposentado. O evento escolhido foi o Grand Prix do Arizona, onde subiu ao pódio nos 100m borboleta. Em seguida vieram participações em outros campeonatos nos Estados Unidos até o grande ápice: o Campeonato Nacional, que seria também seletiva para as seleções do país em 2014 e 2015. Phelps fez uma boa competição e conseguiu se classificar para os dois eventos mais cobiçados pelos nadadores iaques, o Pan Pacífico de Gold Coast e o Campeonato Mundial de Kazan. De quebra ainda fez a melhor marca do mundo nos 100m borboleta: 51s17.

Michael Phelps em ação no Pan Pacífico de Gold Coast – Foto: Chris Hyde/Getty Images

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No Pan-Pacífico o americano fez uma boa campanha. A quebra da barreira dos 51 segundos nos 100m borboleta não veio, mas Phelps deixou Gold Coast com cinco medalhas: ouro nos 100m borboleta, 4x100m medley e 4x200m livre e prata nos 200m medley e 4x100m livre. Após sua participação na competição é que deixou o céu para cair ao inferno.

No dia 30 de setembro o mundo da natação recebeu uma notícia desagradável. Michael Phelps, o maior nadador de todos os tempos, havia sido preso. Ele dirigia seu carro acima do limite de velocidade e andava de forma perigosa na pista, cruzando faixas. Havia acabado de deixar um cassino na cidade de Maryland e estava alcoolizado. Era a segunda vez que ele se envolvia em um caso semelhante. A primeira fora em 2004, quando ainda tinha 18 anos e também estava dirigindo alcoolizado. Dessa vez não havia desculpas para o erro.

Phelps chega a tribunal onde foi condenado a 18 meses de condicional – Foto: Washington Times

Phelps então se recolheu e anunciou que não iria mais disputar o Mundial de Kazan e que iria deixar a natação por um tempo para "se reencontrar". Tomou uma suspensão de seis meses da USA Swimming e de internou em um centro de reabilitação, onde também passou a frequentar reuniões dos Alcoólatras Anônimos. Neste mês, declarou-se culpado pelo caso de dirigir sob efeito de álcool e escapou de ir parar atrás das grades. Em casos como este o nadador poderia ser condenado a um ano de prisão em regime fechado, mas foi autorizado a cumprir a pena de 18 meses em regime condicional.

Michael Phelps continua treinando. Porém, apenas o tempo dirá como (e se) retornará as grandes competições. Seu sonho de competir no Rio de Janeiro em 2016 é uma das motivações que o anima em sua recuperação. Quer estar aqui no Brasil para aumentar sua vasta coleção de medalhas olímpicas. Jamais duvidaremos de sua capacidade, mas esse caso negativo mexeu muito com sua cabeça. Que em 2015 ele a coloque no lugar e se erga mentalmente para poder voltar a fazer aquilo que todos nós queremos que faça: nadar!

Michael Phelps e medalha olímpica: sinônimos – Foto: Michael Sohn/AP Photo

Por Guilherme Freitas