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Nova Joanna: 'Imagino Hosszu e Mireia do lado'

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20/02/2015 17h04

De volta às piscinas  – e aos bloco de competição -, Joanna Maranhão mudou muita coisa em sua vida para ser outra vez a referência da natação feminina nacional nas provas de medley. E foram tantas alterações para uma nova mentalidade e maturidade, que mudanças antes consideradas impossíveis entraram em ação na rotina da recifense.

A começar pela cidade: pernambucana de raiz, criação, e coração, Joanna agora enfrenta o caos paulistano para treinar no Esporte Clube Pinheiros de… bicicleta! "Por incrível que pareça, eu estou adorando. Vim consciente de todas as influências que São Paulo tem. Quando fui morar em Minas, fui levada por aquela coisa acomodada do mineiro, para minha carreira não foi tão bom. Aqui eu nem trouxe ainda meu carro, faço tudo de bike. Vou ao mercado de bike, vou malhar de bike, ao treino, ao salão… só uso taxi e ônibus quando preciso. Não estou me deixando ser sugada pela coisa gigantesca que é São Paulo", disse à Swim Channel.

"Eu voltei". Joanna conquista índices para Kazan com estilo no Open do RJ – Foto: Satiro Sodre

A mudança foi tomada para encarar a carreira que decidiu retomar quando o prazer em tocar a água voltou, e os problemas e resoluções pessoais se acalmaram. A faculdade se encaminhou, a ONG Infância Livre, para denunciar casos de pedofilia, da qual é presidente, já está bem administrada. Restou o resgate à paixão. Pequenas competições no (re)início, culminando em um Open de Natação em dezembro do ano passado, com índices para o Mundial de Kazan nos 200m e 400m medley – depois de apenas cinco meses de treinamento. "Eu estava muito feliz, muito plena na hora. Queria o momento de subir no bloco mais que tudo. Não tinha dúvidas de que as marcas seriam boas e abaixo dos índices, mas não sabia quão baixas. Eu estava presa às marcas do passado, mas meu corpo estava evoluído. Agora não mais", completou.

A nova rotina é melhor do que ela, que sempre treinou sozinha em uma disputa diária com o cronômetro, poderia esperar. No dia a dia no Pinheiros, treina com André Ferreira, o Amendoim, na elite do clube paulista, ao lado de grandes nomes e novos potenciais da natação nacional, como Guilherme Guido, Larissa Oliveira e Gabriel Ogawa. A energia dos colegas, para ela, é o que faz a diferença. Todos sabem treinar e não precisam de pequenas orientações de dia a dia. Mas, comparar-se e competir com o colega da raia ao lado? Nem pensar! Isso não é Joanna.

Equipe do Pinheiros que participou dos treinamentos em altitde em Sierra Nevada - Espanha - Foto: Reprodução Instagram

Equipe do Pinheiros que participou dos treinamentos em Sierra Nevada – Espanha – Foto: Reprodução Instagram

"A Georgina Bardach (medalhista olímpica argentina) sempre foi minha referência nas competições. Eu queria ganhar dela, não tinha mais interesse em apenas ganhar um Brasileiro. Quando ela se desmotivou, perdi essa referência. Então, hoje, o que eu procuro fazer no treino é visualizar a Katinka Hosszu e a Mireia Belmonte ao meu lado. Então eu penso: 'se eu não fizer a ondulação direito aqui e agora, ela vai me passar'. É uma coisa meio louca, mas tenho que me colocar num patamar alto, não tenho mais nada a perder. Já vivi de tudo, conquistas, glórias, decepções, tudo de forma extrema. Quero mais é curtir mesmo".

A concorrência no Brasil segue abaixo do esperado. Mesmo fora do cenário nacional por quase um ano, Joanna deu um banho nas adversárias em suas provas. Mas a nova geração tem em Júlia Gerotto (21 anos) e Giovanna Diamante (17 anos) os grandes potenciais para as provas de meio fundo e fundo, deficiências da natação brasileira há bastante tempo. "Com o tempo e a experiência, eu já não me estresso mais com as pequenas coisas. Me sinto abençoada. Aos 27 anos, treino melhor que aos 17. O treino de Sierra Nevada (com a seleção brasileira nas últimas semanas) foi o meu 14º de altitude, e foi o melhor de todos. Nunca consegui imprimir tanta qualidade, voltei muito mais forte e mais seca, melhorei coisas que antes não consegui de jeito nenhum, como o trabalho submerso".

E, para pôr em prática? "Estou louca pra competir de novo! Esse ano eu vou nadar tudo o que deixarem. Por mim, estarei em Jogos Militares, Pan-Americano, em Kazan.. tudo!". Uma nova-velha Joanna Maranhão.

Por Mayra Siqueira

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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