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Primeiro passo: revezamento 4x100 livre (check!)

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18/05/2015 12h22

Os principais nomes da natação masculina brasileira estiveram no Grand Prix de Charlotte, nos Estados Unidos, na última semana, com um objetivo simples por parte da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB): treinar e familiarizar uma das chances reais de medalha do país em 2016.

"O revezamento 4x100m livre masculino foi o objetivo da viagem. Comitê e Confederação se organizaram para que participássemos da competição para treinar saídas, as trocas, e para que houvesse uma integração maior entre os elementos do grupo. Matheus (Santana), Bruno (Fratus), Marcelo Chierighini e Cesar Cielo. Este não é o grupo definitivo, ainda está em aberto, só será fechado em abril do ano que vem. Poderemos inscrever 6 atletas, e todos deverão nadar a prova, nem que seja eliminatória", explicou Márcio Latuf, técnico da Unisanta e de Matheus Santana, em conversa com a Swim Channel direto de Charlotte.

O revezamento confere o resultado no placar - Foto: Satiro Sodré

Revezamento de 2014 não tinha Cielo ou Matheus (João de Lucca, Fratus, Nicolas Oliveira e Chiereghini)-Foto: Satiro Sodré

O resultado não foi exatamente o esperado, mas se explica pela fase de treinamento pesada de todos os nadadores: 3min17s56, segunda colocação atrás da Itália, sessenta centésimos mais rápida, e seleção do terceiro melhor tempo do mundo no ano passado. Nas parciais, Matheus abriu para 49s95,  Fratus fez 49s38, Chierighini 49s60 e Cielo fez a melhor marca, com 48s64.

Talvez os tempos não tenham sido de maior satisfação para os nadadores, mas a iniciativa foi aplaudida por todos. Cielo, em entrevista após sua medalha de prata nos 50m livre, apontou o dedo na ferida brasileira, mostrando a vontade de solucionar a questão de forma inédita: "Nós nunca tivemos uma boa política de revezamentos no Brasil, e agora podemos começar a pensar mais nisso, sermos mais conscientes. Em outros países, como os EUA, Rússia e Austrália, existe essa cultura de os atletas fazerem o seu melhor tempo de suas vidas justamente no revezamento. Temos que começar a pensar dessa forma também. Existe a chance de ir para o pódio se nos unirmos e formos bem juntos. Claro que ainda tem tempo para as Olimpíadas, mas é uma ótima ideia do COB e CBDA já começar com esse trabalho", disse o nadador, acrescentando: "ainda não foi tão bom quanto esperávamos, mas o primeiro passo está dado. Temos que aprender com isso, levantar a cabeça e sermos melhores na próxima".

Matheus Santana, em evolução, é um dos destaques do Brasil

Matheus Santana, em evolução, é um dos destaques do Brasil

No papel, o revezamento brasileiro está entre as cinco forças mundiais da prova clássica. O sétimo lugar em Barcelona-2013 ficou para trás; não tinha nem Cielo, nem Matheus Santana, destaque da última temporada.

"O Matheus está treinando forte para o Pan, é o nosso primeiro objetivo, que ele seja medalhista nos 100m livre do campeonato, para ir depois para o Mundial. São os nossos objetivos para esse ano. Depois, o restante da temporada até abril de 2016, a ideia é buscar a vaga olímpica e nadar a prova no Rio. Esperamos que ele ainda melhore sua marca de 48s25, que o deixa como bom candidato a ser finalista e até medalhista nas Olimpíadas", acrescentou Latuf, que treina o atleta de 19 anos em Santos, além da promessa Felipe Ribeiro, de apenas 17 anos e que tem hoje a marca de 49s16 na prova. Uma aposta do próprio coach para ser um dos seis nadadores do revezamento livre em 2016.

Em um levantamento comparativo do site Swim Vortex, o Brasil teria, no papel, o quarto melhor tempo do mundo, somando as marcas de seus componentes: 3m10s56 (48s25 Matheus Santana; 47s56 Marcelo Chierighini; 47s68 Bruno Fratus; 47s07 Cesar Cielo). Muito próximo, mas ainda atrás de França (3m09s84, na soma de Yannick Agnel, Florent Manaudou, Jeremy Stravius e Fabien Gilot), EUA (3m09s58 com Jimmy Feigen, Anthony Ervin, Matt Grevers e Nathan Adrian) e Rússia (3min10s03, com Andrey Grechin, Nikita Lobintsev, Alexander Suhkorov e Vladimir Morozov), e na cola, mas à frente da Austrália (3m10s84, de Kyle Chalmers, Cameron McEvoy, Tommasso D'Orsogna, James Magnussen).

O trabalho é inédito, e a filosofia e o pensamento de grupo também. Mas o Brasil, que tanto evoluiu em estrutura, treinamento, e postura internacionalmente nos últimos cinco, talvez dez  anos, está dando grandes primeiros passos. O primeiro teste será em Kazan, em agosto deste ano, quando o espírito coletivo vai invadir um dos mais individuais entre os esportes olímpicos.

Por Mayra Siqueira

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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