Natação pela vida
O mundo voltou seus olhos para as piscinas quando uma africana, de um país ao sul do continente, despachou as adversárias, venceu uma prova olímpica, e ouviu o até então pouquíssimo desconhecido hino nacional do Zimbábue. Desde então, Kirsty Coventry deixou de surpreender quando acumulou outro ouro, com o total sete medalhas olímpicas na carreira, além de três títulos mundiais. A maior medalhista africana em todos os esportes.
Uma inspiração, e a "garota de ouro" de seu país. Um exemplo como esportista, e também como ser humano. Neste ano, fundou o Kirsty Coventry Academy, uma organização sem fins lucrativos que visa reduzir os altos números de mortes por afogamento, em uma crescente no país nos últimos anos.
A Swim Channel trouxe em uma reportagem na edição 21 da revista sobre os casos frequentes de acidentes fatais no meio aquático. Só no Brasil são 18 mortes por afogamento diariamente, e é a segunda maior causa de falecimento entre crianças de 0 a 9 anos. Nos números oficiais em todo o planeta, são 500 mil vítimas por ano. No Zimbábue, as estatísticas mostram que os incidentes do tipo cresceram para 2 mil pessoas desde 2013.
Em entrevista recente ao The Standard, veículo de seu país, Coventry explicou a ideia de seu projeto: "Sei bem o poder que o esporte traz a um país e quero usá-lo para salvar vidas, melhorar comunidades e empoderar os indivíduos. Nossa prioridade é prevenir afogamentos, portanto a Academy não tem como objetivo desenvolver campeões olímpicos ainda, porque existe uma necessidade primária de ensinar as pessoas a nadar".
O projeto piloto é baseado na escola Mother Touch Junior, em Tynwald South em Harar, capital do país, e são três pilares básicos para a organização:
1) Treinar os professores, para que tenham capacidade de ensinar natação;
2) Ensinar a natação em programas especiais de desenvolvimento das crianças;
3)Programa de embaixadores: jovens adultos de todo o mundo podem se inscrever para tornarem-se embaixadores da Kirsty Coventry Academy, que deverão ajudar a espalhar campanhas de segurança aquática e prevenção de afogamento, além de outras questões de educação e saúde.
O marido de Coventry, Tyrone Seward, explicou que é importante ensinar aos professores especialmente o procedimento PCR, de reanimação cardiorrespiratória. "Queremos ensinar às crianças formas de sobrevivência aquática, para quando caiam na água, consigam flutuar até a borda, sair, e evitar o afogamento. É um passo importante para construir uma fundação sólida, e depois pensar em desenvolver a natação em si".
Até o momento, segundo o site oficial da organização, 60 crianças aprenderam a nadar o suficiente para atravessar 25m no nado crawl e costas, e foram dois profissionais treinados, agora capacitados e com certificado PCR.
Campeã olímpica em 2004 e 2008 e ídolo absoluto em seu país, Coventry já está classificada para os Jogos do Rio no ano que vem, após uma sentida ausência das piscinas depois de Londres-2012. Ela faz sua preparação nos Estados Unidos.
Por Mayra Siqueira
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.