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Balanço do Brasil nas águas abertas e os impressionantes números de Ana Marcela

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21/07/2017 17h02

Para o Brasil, as provas de águas abertas do Mundial de Budapeste foram inesquecíveis.

Mas, é preciso que se diga, em boa parte ao desempenho de Ana Marcela Cunha.

Não se pode dizer que o retrospecto de um ouro e dois bronzes conquistados no lago Balaton é surpreendente. Afinal, estamos falando de uma nadadora que também conquistara três medalhas no Mundial passado, em 2015, e que já foi escolhida a melhor nadadora do mundo pela FINA por três vezes.

Mas claro que a trajetória da nadadora neste Mundial fica mais saborosa depois do último ano atribulado, com uma frustração olímpica e uma cirurgia para retirada do baço para controle de uma doença autoimune. Que atleta não ficaria receoso? Será que voltaria ao mesmo rendimento? Que seria a mesma Ana Marcela de sempre? Tudo isso lhe passou pela cabeça.

O terceiro título conquistado nos 25km, hoje, foi a resposta para todas as perguntas. Dizendo-se mais preparada para provas mais curtas, especificamente os 5km, conseguiu superar a campeã olímpica Sharon van Rouwendaal no final da prova mais longa do programa. Imaginem se estivesse bem preparada!

Ana Marcela após a vitória nos 25km (foto: Satiro Sodré/SSPress)

Na mesma prova, Betina Lorscheitter terminou na 19º posição. No masculino, Allan do Carmo chegou em 13º e Victor Colonese em 22º. Allan não chegou perto de repetir o 5º lugar de 2013, que se mantém até hoje como melhor posição da história do país em provas masculinas de águas abertas na competição.

O 5º lugar de Allan de 2013 foi igualado por Fernando Ponte nos 5km em 2017, no primeiro dia de disputas. O 12º lugar de Viviane Jungblut nos 10km, prova mais concorrida do programa, também é digno de menção.

Com a ausência de Poliana Okimoto, Ana Marcela foi o carro chefe solitário na briga por medalhas. Viviane e Fernando, que disputaram seu primeiro Mundial, podem evoluir e almejar por mais nas próximas edições.

Fernando Ponte e seu técnico Kiko Klaser (foto: CBDA)

No entanto, será que o Brasil seguraria a peteca em um hipotético Mundial sem Ana Marcela nem Poliana? Desde 2009 o país não sai do pódio do evento em provas de águas abertas, mas sempre com as duas nadadoras.

No programa de alto rendimento da França, país destaque dessa edição com quatro ouros em sete provas, o planejamento é que, para brigar por medalhas nos 10km, os nadadores devem fazer tempos em torno de 16min15s no feminino e 15min00s no masculino na prova de 1500m livre em piscina longa. Aurelie Muller tem 16min24s e Marc-Antoine Olivier, 15min05s. E foram possivelmente os dois melhores nadadores da competição.

(outros exemplos são os holandeses campeões olímpicos dos 10km Sharon van Rouweendal e Ferry Weertman. A primera tem 16min03s e o segundo, 15min09s.)

A França iniciou um programa de desenvolvimento de águas abertas em 2013 que deu resultados em 2016 e continua a dar. Quem sabe o Brasil possa se inspirar no país mais vencedor desse Mundial nas águas abertas.

Os números de Ana Marcela

As três vitórias nos 25km (2011, 2015 e 2017) representam um feito incrível, que falam por si só. Têm ainda relevância maior quando percebemos que Ana Marcela é a única atleta a vencer a mesma prova feminina de águas abertas por três vezes na história dos Mundiais de Esportes Aquáticos.

Curiosamente, o Brasil também tem o homem que mais venceu a distância mais curta em Mundiais na natação: Cesar Cielo, tricampeão nos 50m livre entre 2009 e 2013.

Cesar Cielo e Ana Marcela Cunha: integrantes do seleto grupo de brasileiros tricampeões mundiais (foto: UOL)

É a terceira vez consecutiva que o Brasil sai das águas abertas no Mundial com três medalhas (em 2013, Poliana alcançou o feito; em 2015, Ana Marcela).

E Ana Marcela entra no seleto rol de atletas brasileiros que se sagraram três vezes campeões mundiais em suas modalidades. São eles (contabilizados apenas o principal Mundial de cada esporte, e apenas esportes olímpicos):

Pelé (futebol) – 1958, 1962 e 1970
Torben Grael (vela) – classe Snipe em 1978, 1983 e 1987
Robert Scheidt (vela) – classe Laser em 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005; classe Star em 2007, 2011 e 2012.
Emanuel (vôlei de praia) – 1999, 2003 e 2011
Giba, Rodrigão e Dante (vôlei) – 2002, 2006 e 2010
Cesar Cielo (natação) – 50m livre em 2009, 2011 e 2013
Ana Marcela Cunha (águas abertas) – 25km em 2011, 2015 e 2017

Está fraca essa lista?

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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