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Quatro vezes Ana Marcela Cunha

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19/07/2019 02h36

"É tetra, é tetra, é tetra, é tetra". Há 25 anos, o locutor da TV Globo Galvão Bueno imortalizou essa frase após o italiano Roberto Baggio perder o pênalti decisivo que fez o Brasil se sagrar tetracampeão mundial de futebol. Passado meio quarto de século mais uma vez ele bem que poderia gritar esse bordão novamente, ainda mais na semana que o tetra nos gramados completa mais um ano. Na madrugada desta sexta-feira (tarde na Coreia do Sul), Ana Marcela Cunha sagrou-se pela quarta vez em sua carreira campeã mundial nos 25 km.

Uma vitória que de certa forma poderia dizer que já era esperada. Afinal, falou em 25 km em Campeonato Mundial, falou em Ana Marcela. Em cinco participações foram quatro medalhas: todas de ouro. A de hoje ainda mais especial, coroando o ótimo campeonato que a baiana de 27 anos realizou. Depois de um começo frustrante, com o quinto lugar nos 10 km, mas a vaga conquistada, veio o título inédito nos 5 km. Em seguida a quarta colocação na prova de revezamento bastante festejada pela equipe. E agora, a cereja no bolo com o tetra nos 25 km. Pela primeira vez Ana Marcela volta para casa com duas medalhas de ouro no peito.

Ana Marcela Cunha – Foto: Satiro Sodré

As condições climáticas adversas, com muita chuva e vento e mar revolto ajudaram a brasileira a praticamente se sentir em casa. Afinal, é nessas condições que ela rende melhor e a que mais gosta de competir. Na baía de Yeosu fez uma prova bastante equilibrada sabendo atacar na hora certa, dosar o ritmo na hora certa e acelerar na hora certa. Uma estratégia perfeita de quem sempre esteve entre as líderes e soube no momento certeiro dar o sprint final para chegar bem à frente das rivais, com direito ainda a uma braçada de costas antes de tocar no pórtico de chegada m 5h03min03s0.

Ninguém no mundo nada melhor esta prova do que Ana Marcela. Mesmo tendo dedicado seus treinamentos para os 10 km, a distância olímpica, ela consegue sobrar na distância de 25 km. Hoje ela fez, segundo suas palavras, uma das melhores provas da carreira. Em entrevista ao Sportv, seu técnico Fernando Possenti afirmou que a diferença de Ana Marcela para as demais é sua "leitura de prova". De acordo com Possenti, nenhuma outra atleta do mundo tem essa qualidade. Isso faz com que a brasileira esteja atenta a tudo que acontece a sua volta e sabe exatamente o que tem que fazer para vencer. Uma característica que apenas os gênios possuem.

O técnico Fernando Possenti sofreu com os fortes ventos – Foto: Satiro Sodré

Com esse resultado ela amplia ainda mais suas marcas e chega a medalha de número 11 em Campeonatos Mundiais de Esportes Aquáticos da Fina. A 12 se incluirmos o bronze nos 5 km no extinto Mundial de Águas Abertas de Roberval em 2010, sua primeira grande conquista internacional. E que só a fortalece para conquistar as duas únicas medalhas que faltam a seu recheado currículo: a dos Jogos Pan-Americanos (que pode sair daqui a duas semanas em Lima) e a tão sonhada medalha olímpica em Tóquio-2020.

O pódio feminino ainda teve a alemã Finnia Wunram na segunda colocação com o tempo de 5h08min11s6, seguida pela francesa Lara Granjeon em terceiro com 5h08min21s2. Com o fim dos 5 km o Brasil termina a competição de águas abertas com duas medalhas de ouro e uma vaga olímpica de Ana Marcela.  O resultado completo dos 25 km feminino pode ser conferido aqui.

Ana Marcela Cunha – Foto: Satiro Sodré

No masculino, francês é bicampeão mundial

Na prova masculina o grande o foi o vencedor foi Axel Reymond, que sagrou-se bicampeão na distância repetindo seu título de Budapeste há dois anos. Com uma inteligente estratégia, se isolando dos demais nadadores no últimos metros para chegar melhor na reta final, o francês conseguiu assumir a liderança e suportar a pressão do russo Kirill Belyaev para conquistar a medalha de ouro com o tempo de 4h51min06s2 contra 4h51min06s5 do russo. O pódio ainda teve o jovem italiano Alessio Occhipinti em terceiro lugar com o tempo de 4h51min09s5.

O destaque da prova ficou para o húngaro Gergely Gyurta. Irmão mais novo do campeão olímpico Daniel, ele chegou a liderar e abrir uma larga vantagem de mais de 1 minutos e meio de frente para os demais nadadores. Porém, sentiu os efeitos da asma e pediu um nebulímetro (a famosa bombinha de asma) para seu técnico tentando ganhar um pouco de fôlego. Mesmo nadando em seu limite não conseguiu segurar a liderança por mais tempo e acabou perdendo rendimento. Heroicamente ainda terminou a prova na 10ª colocação geral. Clique aqui para ver o resultado final do masculino.

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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