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Brasil fica sem medalhas no Rio-2016

swimchannel

14/08/2016 01h00

Pela primeira vez desde os Jogos de Atenas em 2004 a natação brasileira não passava em branco em edições olímpicas. Entre a edição na histórica cidade grega em 2004 e o Rio-2016 foram quatro medalhas conquistadas em Pequim-2008 e Londres-2012 com a dupla Cesar Cielo e Thiago Pereira. Desta vez competindo em casa, a seleção não conseguiu subir ao pódio durante a torcida que lotou as arquibancadas do Estádio Aquático Olímpico nos oito dias de competição.

Havia expectativa de pódio em alguns eventos, mas os melhores resultados foram dois quintos lugares. Um deles veio nos 100m peito masculino, com João Luiz Gomes Júnior que completou a prova nesta colocação, duas a frente de seu compatriota Felipe França. Após uma aguerrida seletiva, que teve quatro nadadores abaixo do índice exigido, o Brasil colocou seus dois atletas na final. Mas a medalha não veio. Havia esperanças com revezamento 4x100m livre, que pela primeira vez desde o bronze em Sydney-2000 chegava a uma final. Porém, o quarteto Marcelo Chierighini, Nicolas Oliveira, Gabriel Silva e João de Lucca não foi páreo para Estados Unidos, França, Austrália e Rússia, terminando em quinto lugar.

Marcelo Chierighini foi a final em todas as suas provas – Foto: Satiro Sodré/SSPress

Outra expectativa de medalha estava nos 200m medley, talvez a melhor chance. Embalado pelos bons resultados após a prata em Londres (três medalhas nos Mundiais de 2013 e 2015 e o recorde de pódios nos Jogos Pan-Americanos), Thiago Pereira chegou motivado para fazer história em casa. Mas ele não nadava por uma medalha, nadava apenas pela medalha de ouro. Seu objetivo era ser campeão olímpico. Por isso teve um ritmo intenso nos primeiros 150 metros acompanhando Michael Phelps, mas o cansaço pela estratégia ousada bateu e ele ficou apenas em sétimo lugar.

Uma posição melhor ficou Bruno Fratus. O velocista também chegou cotado para ganhar uma medalha. Depois do quarto lugar em Londres vinha empilhando bons tempos nos 50m livre, onde chegou a nadar para 21s37. Foi campeão do Pan Pacífico de Gold Coast, vice no Pan-Americano de Toronto e bronze no Mundial de Kazan. Mas algumas lesões e a queda de rendimento entre o fim de 2015 e este ano custaram o lugar no pódio. Outro velocista que também chegou a finalíssima foi Marcelo Chierighini nos 100m livre. Ele foi o brasileiro que mais nadou no Rio-2016 com sete quedas na água (empatado com Etiene Medeiros) e nos 100m livre ficou em oitavo, após levantar a torcida na semifinal.

Etiene Medeiros, a única final feminina do Brasil – Foto: Satiro Sodré/SSPress

No último dia de finais duas esperanças. Etiene Medeiros conquistava a primeira final feminina desde Pequim-2008 nos 50m livre. Após um início ruim nos 100m costas e uma melhora nos 100m livre ela repetiu o desempenho histórico de Flavia Delaroli em Atenas-2004: oitavo lugar. Já o revezamento 4x100m medley masculino (Guilherme Guido, João Luiz Gomes Júnior, Henrique Martins e Marcelo Chierighini) encerrou o jejum de 36 anos sem ir a final e terminou em sexto.

Ao todo foram oito finais (novo recorde), sete no masculino e uma no feminino. Também foram 16 semifinais atingidas, três recordes sul-americanos quebrados, com Manuella Lyrio nos 200m livre, Etiene Medeiros nos 50m livre, Felipe França nos 100m peito e o revezamento 4x200m livre feminino e um recorde brasileiro nos 200m costas com Leonardo de Deus. A campanha também teve muitos nadadores longe de seus melhores tempos e que nos últimos meses vinham fazendo seus melhores tempos pessoais como Guilherme Guido e Larissa Oliveira.

João Gomes Júnior foi 5º nos 100m peito – Foto: Vitor Silva/SSPress

Pouco antes das finais da última etapa o Coordenador Técnico da CBDA, Ricardo de Moura, concedeu uma entrevista para a imprensa brasileira, onde reconheceu que o desempenho apresentado na piscina não foi satisfatório, que esperava sim subir ao pódio e que é preciso mudar a cultura esportiva no país. Prometeu mudanças, mas não entrou a fundo em detalhes e nem exemplificou que tipo de medidas serão tomadas.

Houve resultados positivos como os citados acima, mas por poucos nadadores. No fim ficou a sensação de que o Brasil poderia ter ido bem melhor. Alguns atletas pioraram demais suas marcas e outros se repetissem seus melhores tempos entrariam em finais ou semifinais. Após a campanha no Rio-2016 a natação brasileira fica de mãos vazias e a luz amarela já pode ser acesa. Um novo ciclo olímpico terá início a partir de agora e mudanças precisarão ser tomadas.

Manuella Lyrio não foi a final, mas teve uma ótima performance – Foto: Satiro Sodré/SSPress

Por Guilherme Freitas

A equipe Swim Channel na cobertura dos Jogos Rio 2016 é patrocinada pela Mormaii, a maior marca de esportes aquáticos do Brasil

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Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

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A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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