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Matheus Santana, 18, entre os grandes

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09/05/2014 22h04

Há exatamente um ano, no dia 9 de maio de 2013, trouxemos um levantamento com os melhores finais de prova da história dos 100m livre (clique aqui para ler). Na realidade, uma análise dos nadadores que conseguem ter as parciais mais rápidas na segunda metade da prova.

Apesar de ter havido o Mundial de Barcelona nesse intervalo de tempo, aquela lista não foi alterada. O australiano James Magnussen, com um parcial de volta de 24s39 no Mundial de 2011, está no topo. O francês Yannick Agnel, com 24s60 fechando o revezamento 4x100m livre na Olimpíada de Londres, é o 10º colocado.

Há duas semanas, um brasileiro quase entrou nessa lista seleta, que também conta com nomes como Pieter van den Hoogenband, Michael Phelps e Cesar Cielo.

No Troféu Maria Lenk, a nova sensação da natação brasileira Matheus Santana bateu o recorde mundial junior dos 100m livre com 48s61. E pudemos atestar que ele é desses nadadores que costroem tempos espetaculares nos 100m livre em cima de uma volta fortíssima. Na eliminatória, volta de 24s69. Na final, 24s72. Tempos que quase o colocam no top 10 das melhores voltas da história da prova sem trajes tecnológicos.

É interessante notar como ele estruturou sua estratégia. Para fazer 48s61, percorreu os primeiros 50 metros com 23s89. Se considerarmos que um atleta ganha de um a um segundo e meio na saída de cima, pode-se considerar que ele fez uma prova negativa. O que poderíamos esperar, então, se ele forçasse um pouco mais no início da prova?

A resposta veio hoje. Nadando a final da prova no Campeonato Brasileiro Junior e Sênior, no Botafogo, Rio de Janeiro, Matheus passou a primeira metade quase quatro décimos mais forte (23s51) e manteve a volta no mesmo patamar. Dessa forma, não só abaixou ainda mais seu recorde mundial junior como fez um tempo que o coloca definitivamente entre os melhores do mundo. Com 48s35, está agora em sexto no ranking mundial. Nada mal para quem havia feito 49s13 no Sul-Americano em março, na época já considerado um grande tempo para um jovem de 18 anos.

Matheus Santana na piscina do Botafogo, após o fantástico 48s35 nos 100m livre (foto: Satiro Sodré)

Matheus Santana na piscina do Botafogo, após o fantástico 48s35 nos 100m livre (foto: Satiro Sodré)

Para efeito de comparação: o australiano Cameron McEvoy, quarto colocado no Mundial de 2013 e atual vice-líder do ranking mundial com 47s65, no ano passado fez 48s07 no Campeonato Australiano em abril. Um artigo do site SwimVortex na época revelou que era o melhor tempo feito na história por um atleta de 18 anos.

Hoje, Matheus Santana está com 18 anos. A diferença é que McEvoy, na ocasião, estava a um mês de completar 19. E Matheus fez 18 há um mês. Já almejando melhorar a marca de McEvoy. "Quero fazer 47s nos Jogos Olímpicos da Juventude", disse após a prova, se referindo à competição que acontecerá em agosto em Nanjing, na China.

No ano passado, fizemos um levantamento dos tempos de alguns dos melhores nadadores da história quando estavam em torno dos 19 anos. Veja abaixo:

Pieter van den Hooganband – 49s13, Jogos Olímpicos de Atlanta/1996 (18 anos e 4 meses)
Ian Thorpe – 48s81, Mundial de Fukuoka/2001 (18 anos e 9 meses)
James Magnussen – 49s43, Campeonato Australiano/2010 (18 anos e 11 meses)
Nathan Adrian – 50s01 Grand Prix/2007 (18 anos e 7 meses)
Anthony Ervin – 49s26, Seletiva Olímpica Americana/1999 (19 anos e 3 meses)
Alexander Popov – 50s71, 1990 (19 anos e 1 mês)
Gustavo Borges – 49s48, Pan-Americano/1991 (18 anos e 8 meses)
Cesar Cielo – 49s50 (tempo projetado)

Com 18 anos e um mês, o tempo de Matheus é muito melhor que qualquer um desses, mesmo mais jovem. E sua trajetória faz recordar a de outro grande campeão, o americano Gary Hall Jr, que como Matheus é diabético, o que não o impediu de se tornar um dos grandes velocistas da história. O brasileiro descobriu a doença no ano passado, devido a isso perdeu o Mundial Junior, mas agora mostra que com esse obstáculo ele já aprendeu a lidar.

O tempo de 48s35 faria dele finalista no Mundial de Barcelona, no ano passado. É necessário lembrar que Marcelo Chierighini participou daquela final, e Cesar Cielo certamente participaria, caso tivesse competido (seu 48s13 do Troféu Maria Lenk, há duas semanas, comprova isso). Além de grandes esperanças para as provas individuais de velocidade, hoje ninguém duvida que o Brasil pode chegar entre os favoritos no 4x100m livre na Olimpíada de 2016. Potencial é o que não falta.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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