Prêmio FINA para os melhores do mundo: festa brasileira nas águas abertas
Ontem, a FINA divulgou os concorrentes para o prêmio de melhores nadadores do mundo de 2014 (leia aqui). Hoje, analisamos os concorrentes nas categorias de natação e águas abertas. Nas maratonas aquáticas, aliás, são boas as chances dos vencedores serem brasileiros, atestando a boa fase do esporte no país. Poliana é a atual detentora do título no feminino, e a maior chance é que o passe para Ana Marcela Cunha, que pode ganhar pela segunda vez. No masculino, Allan do Carmo luta por uma vitória inédita. Aliás, o Brasil é o único país a ter três indicados nas maratonas aquáticas.
Além das indicações nas águas abertas, há mais uma brasileira entre as concorrentes, na modalidade high diving (saltos de grandes alturas): Jaqueline Valente, quinta colocada na Copa do Mundo.
Veja abaixo a análise das categorias da natação e águas abertas.
Natação feminina
Concorrentes: Mirena Belmonte (ESP), Cate Campbell (AUS), Sarah Sjostrom (SWE), Missy Franklin (USA), Katinka Hosszu (HUN) e Katie Ledecky (USA)
Sarah Sjostrom estabeleceu nos 50m borboleta um dos recordes mais fortes da história, com um tempo que lhe daria o quarto lugar nos 50m livre na última Olimpíada. Katinka Hosszu continua sua saga de quanto mais nadar melhor e conquistando múltiplas vitórias e recordes. Cate Campbell é a rainha do momento na velocidade. Mas o que Katie Ledecky fez esse ano a deixa sem concorrentes para a briga de melhor do mundo. Foram nada menos que cinco recordes mundiais, cinco ouros no Pan-Pacífico, recordes impressionantes nos 800m e 1500m. Já é tida por alguns como a maior fundista da história. Ela já foi eleita a melhor nadadora do mundo no ano passado e o bicampeonato é praticamente uma barbada.
Natação masculina
Tyler Clary (USA), Kosuke Hagino (JPN), Chad Le Clos (RSA), Florent Manaudou (FRA), Cameron McEvoy (AUS), Adam Peaty (GBR)
Adam Peaty foi o autor do único recorde mundial masculino em piscina longa este ano, nos 50m peito. Mas, por ser prova não-olímpica e ele não ser um multimedalhista, não tem muitas chances. No momento, o favorito é Kosuke Hagino, maior medalhista individual nas principais competições que disputou, Pan-Pacífico e Jogos Asiáticos, tendo quebrado recordes continentais nos 200m e 400m medley e boas performances em provas de livre e costas. Chad Le Clos teria potencial para ameaçá-lo, mas só nadou os Jogos do Commonwealth de grande competição internacional. Florent Manaudou foi ainda melhor que o sul-africano no Campeonato Europeu, com o melhor tempo da história dos 50m livre sem trajes e ouros nos 50m borboleta e 100m livre, mas no geral os resultados de Hagino são um pouco mais expressivos.
Natação feminina em águas abertas
Ana Marcela Cunha (BRA), Pilar Geijo (ARG), Martina Grimaldi (ITA), Poliana Okimoto (BRA), Silvie Rybarova (CZE), Sharon van Rouwendaal (NED)
Em 2010, um ano sem Mundial de Esportes Aquáticos e Jogos Olímpicos, Ana Marcela Cunha foi a vencedora da Copa do Mundo de 10 km, e isso foi decisivo para que ela fosse escolhida a melhor nadadora do mundo da modalidade pela FINA. Este ano, ela está novamente com as duas mãos no troféu do circuito e além disso venceu a tradicional travessia de Capri-Nápoles de 36 km. É a favorita a vencer novamente o prêmio da FINA. Poliana Okimoto, ganhadora do prêmio em 2013, também concorre, e teve grandes performances na Copa do Mundo, mas não completou o circuito devido a uma lesão, e por isso Ana Marcela tem mais chances. A maior concorrente é a holandesa Sharon van Rouwendaal, vencedora da principal prova de 10 km do ano, a do Campeonato Europeu. Mas a consistência de Ana Marcela deve lhe conferir a honraria pela segunda vez.
Natação masculina em águas abertas
Allan do Carmo (BRA), Evgeny Drattsev (RUS), Thomas Lurz (GER), Axel Reymond (FRA), Tomi Stefanofski (MAC), Ferry Weertman (NED)
Allan do Carmo tem grandes chances de ser o vencedor da Copa do Mundo de 10 km. Nas duas etapas que restam, basta um terceiro lugar, ou dois sétimos. Para quem chegou a sua primeira vitória em uma etapa do circuito este ano e ficou três vezes entre os três primeiros colocados, é uma tarefa totalmente ao alcance. Como as últimas etapas são em outubro, e muitos enviarão seus votos à FINA depois disso, ele tem grandes chances de vencer o prêmio de melhor do mundo. Talvez a maior ameaça é o holandês Ferry Weertman, campeão europeu dos 10 km. Thomas Lurz, único a vencer o prêmio da FINA três vezes nas águas abertas, é o maior nadador da história da natação competitiva de maratonas aquáticas e está indicado, mas não deve levar desta vez.
Somente com sua indicação, a primeira de um brasileiro no masculino, Allan mostra que a natação masculina de águas abertas vai chegando ao nível que no feminino foi elevado por Ana Marcela e Poliana. Até ano passado nenhum brasileiro havia vencido uma etapa de Copa do Mundo, agora já são dois (Samuel de Bona também já alcançou o feito). Definitivamente entre os melhores do mundo, a indicação de Allan prova que também os homens brasileiros estão mais do que nunca na elite mundial.
Por Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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