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Katinka Hosszu, a rainha de US$ 1 milhão

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28/10/2014 15h07

Continue a nadar, nadar, nadar… Cansaço nunca fez parte do vocabulário da húngara Katinka Hosszu, a mais heterodoxa das estrelas da natação mundial hoje em dia. Digo isso porque Katinka não tem as amarras que os grandes nomes do esporte se colocam, para limitar suas participações e quedas n'água com cálculos precisos de tempo de descanso e projetos de treinos. Não que ela não se planeje, é evidente que não é essa a questão, mas ela simplesmente nada tudo o que pode, como pode, e sempre em altíssimo nível porque… gosta. Pode parecer estranho, uma vez que muitos atletas incríveis acabam ganhando a "responsabilidade", e perdendo o prazer de cair na água quantas vezes for necessário apenas pela graça de competir.

Um milhão de dólares, é o que valeram três anos de viagens para a húngara

Um milhão de dólares, é o que valeram três anos de viagens para a húngara

Mas Katinka é assim. Ela não perde a vontade de desafiar a si mesma, e bater marcas incríveis onde outros atletas consideram de menos relevância. Isso não significa que ela não tenha pretensões maiores para sua carreira, como um inédito ouro olímpico. Apenas significa que ela tem prazer em ser uma máquina. Em ser a Dama de Ferro.

A nova conquista da nadadora húngara é outro recorde: ela se torna a primeira da história a alcançar US$ 1 milhão em premiações de Copas do Mundo, em três anos participando e vencendo. Boa parte dos grandes nadadores fazem seu pé de meia com gordos patrocínios, salários e bonificações de diversas formas. Até por isso nem se dão ao trabalho de encarar a maratona de sete cansativas etapas da Copa do Mundo, com viagens longas e caras, que quebram qualquer rotina de treinamento e vida pessoal. Quase um Campeonato Brasileiro de Futebol, em que sempre se reclama de jogar quarta e domingo.

Mas Katinka não liga. Ela gosta. Afinal, o que são algumas viagens e disputas para quem já encarou seis provas (com cinco medalhas de ouro) em apenas 2h de competição, quase como uma atleta petiz?

Ela vai levar a coroa de Rainha das Copas do Mundo pela terceira vez na próxima semana, quando a etapa de Singapura encerra a maratona de provas pelo planeta. Até o início da etapa de Tóquio (em que a húngara já levou cinco medalhas, diga-se de passagem), ela tinha somado US$ 215.000 em premiações. A conta ainda vai engordar. A premiação é de US$ 1500 para cada primeiro lugar, 1000 para o segundo e 500 para o terceiro, sendo acrescidos mais US$ 10 mil por recorde mundial – o que ela bateu cinco vezes durante o ano.

Outra marca ela já tinha batido antes de Tóquio: a de número de vitórias no evento mundial. Já são mais de 110, sendo que a marca anterior era de Martina Moravcova, com 105 ouros. Das 17 provas que existem na Copa do Mundo, a húngara já venceu 11, só não conseguindo superar as do estilo de peito.

Claro, a dificuldade de se tirar a coroa de Katinka se dá porque nem todos consideram sequer relevante encarar essa maratona. Mas os planos de Hosszu não são pequenos. Seu técnico (e marido) Shane Tusup acredita que uma quebra de recorde mundial (algo que ela já fez nas duas provas de medley) e medalha olímpica no Rio em 2016 é perfeitamente possível.

O triunfo de Katinka é justamente essa cabeça leve e tranquila, de quem faz simplesmente o que ama. É o que a empurra quando a dor atrapalha, o corpo grita, e o cérebro se nega a continuar nas braçadas finais, simplesmente rezando para que sua dona apenas pare e desista de se punir dessa forma. A recompensa de rejeitar a reação natural de seu corpo é o que transformou a esguia atleta em uma verdadeira máquina aquática, prestes a fazer história mais uma vez.

Continue a nadar, nadar, nadar…

Por Mayra Siqueira

 

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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