Preview do quarto dia: Nicholas busca o ouro, Cielo x Manaudou mais uma vez

Até hoje, somente dois brasileiros conquistaram um bicampeonato mundial de curta consecutivo. Eles se chamam Fernando Scherer (100m livre, 1993 e 1995) e Gustavo Borges (200m livre, 1995 e 1997).

Amanhã, essa lista pode aumentar. Nicholas Santos, atual detentor do título dos 50m borboleta, se classificou para a final com o segundo tempo. O sul-africano Chad Le Clos, credenciado pelo recorde mundial dos 100m borboleta, tem ligeiro favoritismo. Mas, ao fazer 22s20 e bater o recorde de campeonato na semifinal, pareceu ter nadado a 100%. Nicholas, por outro lado, claramente economizou na chegada, inclusive respirando na última braçada, e fez 22s48. Tem uma boa margem de melhora.

Nicholas Santos nada sua semifinal (foto: Satiro Sodré)

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O recorde mundial de 21s60 é dificílimo, mas há expectativa de um sub-22s. Há uma motivação extra para o brasileiro: em 27 provas em piscina curta na Copa do Mundo, Le Clos não perdeu nenhuma. Neste Mundial de Doha, ele já venceu as duas provas individuais que disputou. Ou seja, está invicto há incríveis 29 provas na curta. Nicholas adoraria quebrar essa sequência.

Outra prova imperdível é o 50m costas feminino, que tem as eliminatórias iniciando amanhã e a final no domingo. Pela primeira vez na história dos campeonatos mundiais, uma brasileira está entre as favoritas. Após o fantástico 25s83 abrindo o 4x50m medley misto (que não é reconhecido como tempo oficial), apenas 13 centésimos acima do recorde mundial, Etiene Medeiros não só tem chances de conquistar a primeira medalha feminina do Brasil na história dos mundiais como tem uma boa chance de ouro. Ela está inclusive muito regular, tendo feito 26s03 abrindo o 4x50m medley feminino, esse sim válido como recorde sul-americano e oficialmente melhor tempo do mundo na temporada.

A húngara Katinka Hosszu, que bateu recordes mundiais nos 100m e 200m costas, está muito veloz e será um páreo duríssimo. A australiana Emily Seebohm e a dinamarquesa Mie Nielsen também são velozes. Não será uma prova fácil, mas há mais chances do que nunca de sair uma medalha inédita para a natação feminina do país.

Etiene Medeiros (foto: Satiro Sodré)

A seguir, as outras provas de amanhã.

Eliminatórias (com finais à tarde para provas de revezamento e 200m e 400m; e semifinais para provas de 50m e 100m)

4x50m livre masculino: a França, de Florent Manaudou, seria favorita caso estivesse inscrita. Em sua ausência, a Rússia de Vladimir Morozov e a Itália do medalhista de prata nos 50m livre Marco Orsi devem brigar pelo ouro, com os Estados Unidos um pouco atrás.

100m livre masculino: se nos 50m Florent Manaudou deu show, agora a expectativa aumenta para os 100m. O recorde mundial de 44s94 da era dos trajes tecnológicos era considerado inalcançável até que ele fez 45s04 no final do ano passado. Com a forma que vem mostrando em Doha, é candidato a melhorar a marca. Resta saber como reagirá o psicológico de Cesar Cielo após o bronze nos 50m. Aqui o ouro é ainda mais difícil. Para isso ele terá que melhorar bem sua melhor marca de 45s74. O recordista de campeonato, o russo Vladimir Morozov, que bateu o recorde abrindo o 4x100m livre no primeiro dia, não nada.

Florent Manaudou e Cesar Cielo: mais um duelo nos 100m livre (foto: Satiro Sodré)

50m livre feminino: o equilíbrio que se viu na final dos 100m livre provavelmente se repetirá aqui. Machucada, a britânica Fran Halsall, uma das favoritas, não irá nadar, assim como outra que seria favorita, a sueca Sarah Sjostrom. Mas estarão as holandesas Ranomi Kromowidjojo e Inge Dekker, a australiana Bronte Campbell e a bahamense Ariana Vanderpool-Wallace. Pelo Brasil, nadam Etiene Medeiros e Larissa Oliveira, brigando por ao menos uma vaga na semifinal.

100m medley masculino: caso Florent Manaudou decidisse nadar a prova, seria candidatíssimo ao recorde mundiai, pois é um dos mais velozes do mundo em provas de 50m em todos os estilos. Na falta dele, o japonês Kosuke Hagino, após grande performance nos 200m, é um dos destaques. Ele possui certa velocidade (nada bem os 100m costas e 100m borboleta) e final de prova. Ryan Lochte ficará contente se conseguir subir no pódio. O russo Vladimir Morozov tem o melhor tempo de balizamento, mas não nadou bem os 50m livre e é difícil prever o que pode fazer.

100m borboleta feminino: por ser piscina curta, a dinamarquesa Jeanette Ottesen tem a vantagem das viradas, fundamento que domina com perfeição. A sueca Sarah Sjostrom é absoluta na parte nadada, o que foi suficiente para a vitória nos 50m. Não podemos esquecer da chinesa Ying Lu, medalhista olímpica e que nadou abaixo de 56s na Copa do Mundo, e da holandesa Inge Dekker, que em várias etapas da Copa nadou para 56s0 e quer quebrar a barreira a qualquer custo.

Jeanette Ottesen (foto: Wong Maye/AP)

200m medley feminino: possivelmente será mais um duelo entre Mireia Belmonte e Katinka Hosszu. Katinka bateu o recorde mundial este ano e a princípio seria a favorita, mas Mireia está iluminada. A húngara ainda leva vantagem, ainda mais que tem mostrado velocidade. Essa é a maior chance de se vingar das duas derrotas para a espanhola no primeiro dia.

50m peito masculino: com a vitória nos 100m peito e a velocidade mostrada nos revezamentos, Felipe França inicia as eliminatórias como favorito. É o único competidor a ter nadado abaixo de 26s este ano, com tempo de balizamento inclusive abaixo do recorde de campeonato. A maior ameaça é o britânico Adam Peaty, recordista mundial na longa e vice nos 100m peito ontem. O sul-africano Cameron van der Burgh passou forte nos 100m e não pode ser descartado, afinal é o recordista mundial.

4x50m livre misto: aqui a estratégia não conta tanto quanto no revezamento medley misto, mas ainda assim é interessante ver a alternância de posições devido à disputa entre homens e mulheres. Rússia, Estados Unidos, Itália e Grã-Bretanha são alguns destaques dessa prova totalmente imprevisível – França e Holanda não nadam. O Brasil tentará uma final, mas dificilmente contará com Cesar Cielo.

Finais (à tarde)

50m costas masculino: único a abaixar de 23 segundos na semifinal (e também no ano), Florent Manaudou é favorito absoluto. Pode inclusive ameaçar o recorde mundial de 22s61 de Peter Marshall, da época dos trajes tecnológicos. O venezuelano Albert Subirats bateu o recorde sul-americano na semi e irá brigar pelo pódio. Os americanos Eugene Godsoe e Matt Grevers e o australiano Mitchell Larkin também são fortes concorrentes da briga pela prata e bronze, isso porque o ouro, ao que parece, já tem dono.

100m peito feminino: assim como fez nos 50m, Ruta Meilutyte não economizou nada na semifinal e quase bateu o recorde mundial. Deve nadar muito próximo de 1min02s43 na final, e precisa tirar um coelho da cartola para quebrar o recorde, pois executou os fundamentos com muita perfeição hoje. A jamaicana Alia Atkinson economizou e também deve nadar para 1min02s, mas dificilmente ameaçará o ouro.