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Phelps: o dilema do justo e do injusto

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10/03/2015 15h34

Falar de Michael Phelps é ter assunto, interesse, audiência. Por linhas tortas, ele se tornou pauta de muitas conversas e curiosidades do mundo da natação desde que se consagrou o melhor nadador de todos os tempos. Marcado por polêmicas e curiosidades sobre seus passos ao retornar às competições, com conquistas expressivas, marcas no ranking mundial, problemas com álcool e direção, seleção norte-americana… indefinições.

Phelps: punições e benefícios em questão na seleção

Phelps: punições e benefícios em questão na seleção

Desde que a reportagem do canal americano ESPN divulgou os rumores e conversas para o "perdão" do nadador, mais especulações entraram em cena. Ele havia sido punido com seis meses de suspensão e um corte da seleção dos Estados Unidos que vai ao Mundial de Kazan em julho deste ano, após ser pego em setembro de 2014 pela segunda vez dirigindo alcoolizado, em alta velocidade – sob a ameaça de prisão caso o problema se repetisse.

Entram em cena dois debates importantes: Phelps, por ser O Michael Phelps, de 22 medalhas olímpicas, 18 de ouro, pode receber esse perdão e ter a oportunidade de ter sua punição ignorada, ou reconsiderada? Seria justo até mesmo com seus colegas e concorrentes internos de provas? Talvez não. Mas então entramos no argumento oposto. Phelps já foi castigado. Judicialmente foi punido com leis de seu país, nas esferas civil e criminal, entrou em um programa de reabilitação para acabar com quaisquer problemas remanescentes com álcool. Moralmente foi afetado. Seria justo, além dos seis meses de afastamento da seleção nacional (suspensão que acaba em abril), ser excluído da maior competição do ciclo olímpico antes do principal evento poliesportivo do planeta? O que seria mais justo ou injusto, afinal?

Talvez o perdão só esteja em pauta por se tratar de Michael Phelps. Talvez a punição só tenha sido tão severa por se tratar de Michael Phelps.

Seus colegas de seleção preferem ter a figura quase mística de milagres aquáticos ao lado em um revezamento, sem dúvidas. Vencer, e manter a bandeira norte-americana em evidência. E quem foi chamado para substituí-lo no time nacional não quer cogitar perder essa vaga honrosa por um beneficiamento a uma celebridade. Phelps se classificou para as provas de 100m livre, 100m borboleta e 200 medley para a competição da Rússia, garantindo também sua posição nos três revezamentos. Ryan Lochte, nos 100m livre, Tim Phillps no 100m borboleta e Tyler Clary nos 200m medley: estes seriam os afortunados a conquistar as vagas.

A decisão final ainda não foi anunciada. Phelps atendeu semanalmente às reuniões do grupo de ajuda em que se inseriu, treinou todos os dias – de domingo a domingo, como nos seus velhos tempos -, pediu desculpas formalmente à USA Swimming e aos seus fãs e público em geral. Anunciou um noivado recentemente, e tentou mostrar, de todas as formas, que pretende seguir "na linha" e provar que pode ser um espelho dentro e fora das piscinas para os seus tantos admiradores pelo mundo. Fez o que era esperado dele, em uma punição muito mais política e exemplar que educadora.

Tyler Clary afirmou que pode ceder sua vaga a Phelps nos 200m medley sem problemas

Tyler Clary afirmou que pode ceder sua vaga a Phelps nos 200m medley sem problemas

Talvez o aval demore para sair tempo suficiente para que Phelps seja visto em ação outra vez. O terreno está sendo preparado para que não haja espaço suficiente para questionamentos e revolta. De forma emblemática, ele vai competir outra vez na segunda semana de abril, em Mesa, no Arizona. Mesmo local em que o mundo viu seu retorno às piscinas após o anúncio de aposentadoria, no ano passado.

Que a justiça, seja qual for neste caso, seja feita.

Por Mayra Siqueira

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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