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Sexo, Drogas e o choro do perdedor

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24/04/2015 17h48

O assunto da natação internacional esta semana, inquestionavelmente foi o lançamento do livro: "Sexo, Drogas e Natação", produção do ex-nadador profissional, o francês Amaury Leveaux.

Antes de falar sobre Leveaux é valido ressaltar que os nadadores franceses sempre são polêmicos, talvez a seleção mais conturbada do mundo. Na década passada, Laure Manaudou (campeã olímpica dos 400 livre nos Jogos de Antenas-2004) sempre fez a natação internacional ferver com polêmicas, inclusive sobre sexo e até mesmo exposição de seus momentos íntimos, na internet.

Amaury Levoux, segundo ele mesmo, nunca teve reconhecimento a altura de seus companheiros de seleção Alain Bernard, Fred Bousquet, Fabian Gilot e Yannick Agnel (todos eles medalhistas olímpicos).

O nadador francês Amaury Leveaux - Foto: Javier Soriano/AFP

O nadador francês Amaury Leveaux – Foto: Javier Soriano/AFP

Na épica final dos 50m livre, nos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim, onde Cesar Cielo conquistou a medalha de ouro, Leveaux subiu no segundo degrau mais alto do pódio e com seu compatriota Alain Bernard na terceira posição. De fato, com seus quase 2 metros de altura, Leveaux nadava bem, muito bem, as provas de 50m, 100m e 200m metros livre. Foi incontestavelmente peça fundamental em todas as conquistas do revezamentos 4x100m e 4x200m livre entre 2007 a 2012. O maior destaque, sem dúvida, foi para a medalha de ouro no 4x100m livre nos Jogos Olímpicos de Londres, onde venceram os norte-americanos nos últimos 25 metros (o time dos EUA contava com estrelas do calibre de Michael Phelps e Ryan Lochte).

O livro "Sexo, Drogas e Natação", não traz nenhum benefício a modalidade, mas traz exposição da sua figura. O consumo de drogas pesadas, principalmente por atletas europeus, não é extremamente incomum. No livro ele revela o uso inclusive de cocaína, pelos nadadores da seleção de seu país.

Capa do livro

Capa do livro "Sexo, drogas e natação" – Foto: Editora Fayard/Reprodução

A obra também registra ataques a Cesar Cielo, o chamando de trapaceiro e desonesto.  De fato, Cesar Cielo teve um ano de 2011 atípico, sendo pego no doping em um evento nacional pelo uso de diurético. Com apoio da CBDA e de um excelente advogado, conseguiu provar sua inocência alegando contaminação cruzada. Sua inocência foi declarada 24 horas antes de iniciar o Campeonato Mundial de Xangai em 2011, o que causou desconforto entre todos os nadadores velocistas no cenário internacional. Cielo, ao vencer as provas de 50m livre e 50m borboleta neste evento, foi o centro das críticas nas coletivas de impressa. Leveaux utiliza palavras "ásperas" informando que Cielo deveria ser banido do esporte e por incrível que parece chega a comparar o caso do velocista brasileiro com o do ciclista Lance Armstrong.

Ele também desabafa sobre  os veículos de mídia de seu pais. Quando Alain Bernard, seu adversário direto,  vencia os principais eventos, era chamado de Supersonic e era uma celebridade. Quando Leveaux vencia os eventos e quando vencia Bernard lado a lado, não tinha sequer metade da exposição na mídia.

Leveaux não era uma pessoa muito fácil de se ter como companheiro de equipe, ele queria treinar com o time de Marseille, liderados pelo renomado técnico Romain Barnier (técnico da seleção francesa). Mas foi recusado no time, o que deixo o nadador ainda mais magoado.

Apos tantos ataques, a Federação Francesa de Natação entrou com processo contrato o nadador. Os ataques do velocista incluem a Federação, criticando seus métodos e chamando os dirigentes de "dinossauros".

Leveaux com Cielo e Bernard no pódio olímpico em 2008 - Foto: Ezra Shaw/Getty Images

Leveaux com Cielo e Bernard no pódio olímpico em 2008 – Foto: Ezra Shaw/Getty Images

E os podres de Amaury Leveaux?

Se por um lado e fácil atacar os outros, ele precisa se defender. Mesmo aposentado, ele detém o recorde mundial dos 100 livre em piscina de 25 metros com magnífico tempo de 44s94 (assista abaixo). Tempo alcançado no fim de 2008, no auge da confusão dos trajes tecnológicos. Para quem não lembra, em 2008 foram batidos 108 recorde mundiais, fato atribuído a ajuda dos trajes tecnológicos (mais conhecido como "super maiô") . Alguns nadadores, visando melhora ainda mais a performance, utilizavam dois trajes de competição o que absurdamente aumentava a flutabilidade do atleta e contribuindo ainda mais na performance.

Foi a época mais "escura" da história da natação. Para avacalhar ainda mais o esporte, suspeita-se que Amaury Leveaux utilizou três trajes de natação quando estabeleceu o recorde mundial dos 100 livre. Isso mesmo, três trajes!!! Analisando pelo lado positivo ou negativo, e a custa da imagem de diversos nadadores, ele  conseguiu o que queria: exposição internacional.

Por Patrick Winkler

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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