Especialização: a diferença entre os 50m e os 100m livre. E entre os 800m e os 1500m.
Desde que os 50m livre foram incluídos no programa de Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais, temos observado uma tendência diferente hoje em relação a observada de alguns anos atrás.
Principalmente nas provas masculinas.
Em 1988, Matt Biondi foi campeão olímpico dos 50m e 100m livre, feito repetido por Alexander Popov em 1992 e 1996 e no Mundial de 1994.
Em 2001, Anthony Ervin venceu as duas provas no Mundial, o que Popov também fez em 2003.
Até 2009, se o mesmo nadador não vencia as duas provas, ao menos o vencedor de uma estava no pódio da outra. Por exemplo, Pieter van den Hoogenband em 2000 e Roland Schoeman em 2004 e 2005.
A partir de então, essa tendência começou a mudar.
Em 2009, Cesar Cielo venceu os 50m e 100m livre no Mundial de Roma.
Desde então, nenhum nadador que chegou ao pódio dos 50m também medalhou nos 100m na mesma Olimpíada ou no mesmo Mundial – à exceção do americano Nathan Adrian, bronze em 2016 nas duas provas.
E até mesmo ele, Adrian, conhecido por nadar bem as duas provas, jamais conseguiu vencer os 50m e 100m em Olimpíadas ou Mundiais. Ou ele ia muito bem em uma ou em outra, mas jamais nas duas ao mesmo tempo.
A conclusão é óbvia: a especialização dá o tom nessas provas. São provas diferentes. E quem foca em uma delas tem mais possibilidade de ir bem do que se focasse em duas.
Obviamente que fenômenos que nadem bem as duas provas podem aparecer. Mas é uma tendência cada vez mais rara.
No feminino, é algo que se observa com menos força. Ranomi Kromowidjojo foi campeã olímpica dos 50m e 100m livre em 2012. Sarah Sjostrom é favorita para vencer as duas provas no Mundial de Budapeste.
Mas talvez com o tempo observemos entre as mulheres o que vem ocorrendo com os homens.
Quando os 50m livre foram incluídos no programa de Jogos Olímpicos e Mundiais, muitos se diziam contra com o argumento de que era uma prova redundante com os 100m.
Os resultados atuais, ao menos no masculino, mostram que não é.
Nenhuma prova é igual. É preciso treinar especificamente para ela para nadá-la bem.
E, por isso, o raciocínio também vale para os 800m livre masculino e os 1500m livre feminino, que estrearão em Jogos Olímpicos em 2020.
Não serão redundantes com os tradicionais 1500m masculino e 800m feminino. Os vencedores podem até ser os mesmos. Mas, com a inclusão em Olimpíadas, a tendência é que nadadores se especializem nas distâncias.
Hoje mesmo, há nadadores que vão bem em uma e não tão bem em outra.
Por exemplo, a chilena Kristel Kobrich, nadadora de nível mundial nos 1500m e nem tanto nos 800m.
Como a importância a ser dada a essas provas irá crescer, a tendência é que esses especialistas apareçam cada vez mais.
Ou alguém acha que, em águas abertas, os 5 km são a mesma coisa que os 10 km?
Por Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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