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O quanto foram fortes as provas do Mundial de Budapeste?

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03/08/2017 21h27

No recém encerrado Mundial de Budapeste, algumas provas deixaram uma impressão muito positiva, de um nível muito alto.

Nos 50m livre feminino, o bronze foi para 23s97, sendo que o ouro olímpico no ano passado foi vencido com 24s07.

Nos 100m borboleta masculino, o último tempo da final foi 51s16 e a prata olímpica em 2016 foi conquistada com 51s14.

Nos 200m costas feminino, o último tempo da final foi 2min07s42, melhor que o último bronze olímpico, com 2min07s54.

Nessas provas, sem dúvidas o nível foi mais alto que o da Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano passado.

A campeã olímpica dos 50m livre Pernille Blume melhorou seu tempo em Budapeste e ainda assim saiu sem medalha da prova (foto: Odd Andersen)

 

Mas será que esse foi um padrão que se observou nas demais provas?

Fizemos uma análise comparativa entre diversos Mundiais, para avaliar se o nível dessa edição de Budapeste foi realmente mais alto do que o usual.

Para fazer as comparações, nos utilizamos de resultados de Mundiais desde 2001, ano em que os campeonatos passaram a ser realizados a cada dois anos. Para efeito de  avaliação dos resultados, também comparamos com Olimpíadas desde 2000. Retiramos da análise os Jogos Olímpicos de 2008 e o Mundial de 2009, devido à distorção causada pelo uso dos trajes tecnológicos.

Uma primeira análise compara os Mundias realizados em anos pós-olímpicos, com foi o caso da edição de Budapeste.

Foram comparados resultados considerando apenas as 26 provas individuais olímpicas, entre a Olimpíada e o Mundial do ano imediatamente posterior, a partir de 2000/2001. A tabela abaixo mostra o percentual de melhora em relação ao tempo vencedor, ao tempo para pódio e ao tempo para classificação para final do Mundial em relação à Olimpíada do ano anterior.

Percentual de melhoras de tempos: Mundiais em relação à Olimpíada do ano anterior
Ano  Ouro   Pódio  Final

2017 57.69% 46.15% 38.46%
2013 30.77% 30.77% 19.23%
2005 61.54% 23.08% 42.31%
2001 23.08% 23.08% 26.92%

Ou seja, é possível perceber que o Mundial de 2017 foi, em todos os quesitos, mais forte que o Mundial de 2013 quando se compara com a Olimpíada do ano anterior. Também foi bem mais forte que o Mundial de 2001. O Mundial de 2005 também foi bem forte na comparação, mas o Mundial de 2017 é imbatível na evolução de tempos para chegar ao pódio.

Outra coisa também pode-se observar: apesar do nível alto, o Mundial de 2017 foi mais fraco, no geral, que a Olimpíada de 2016 nos percentuais para se chegar ao pódio e para se chegar às finais (percentuais abaixo de 50%). Para conquistar o ouro, por sua vez, o nível foi mais alto.

Caeleb Dressel, que venceu os 50m e 100m livre e 100m borboleta em Budapeste com tempos melhores que os campeões olímpicos de 2016 (foto: Martin Bureau/AFP)

Lembre-se que estamos sempre comparando com a Olimpíada do ano anterior. Mas é necessário também verificar se a Olimpíada foi forte. Afinal, se a Olimpíada teve um nível muito alto, o Mundial do ano seguinte fica prejudicado na comparação. Será que a edição de 2016 foi mais forte ou mais fraca que a de 2012?

Para fazer essa avaliação, fazemos a mesma comparação, das edições olímpicas em relação ao Mundial do ano imediatamente anterior. Espera-se que no ano olímpico seja observado um grande percentual de melhora, mas pode haver anos que essa melhora seja maior do que outras. A tabela baixo mostra o percentual de melhora dos Jogos Olímpicos em relação ao Mundial do ano anterior.

Percentual de melhoras de tempos: Olimpíadas em relação ao Mundial do ano anterior
Ano  Ouro   Pódio  Final

2016 76.92% 80.77% 88.46%
2012 84.62% 80.77% 80.77%
2004 50.00% 84.62% 80.77%

Comparando com o Mundial do ano anterior, vê-se que o percentual de melhora para medalha de ouro, pódio e alcançar a final é muito semelhante nas edições olímpicas de 2016, 2012 e 2004. Apenas o tempo para ouro de 2004 tem um percentual um pouco aquém dos outros da tabela. À exceção desse número, nota-se que as três Olimpíadas tiveram índices de evolução similares em relação aos Mundiais dos anos anteriores, o que indica que as edições tiveram níveis semelhantes.

Apenas para efeito de curiosidade, podemos usar o mesmo critério para comparar qual Mundial de anos pré-olímpicos foi mais forte, comparando com a Olimpíada de três anos antes – essa estatística indica a evolução dentro do ciclo olímpico. Na tabela abaixo, encontra-se o percentual de melhora do Mundial de 2015 em relação à Olimpíada de 2012, do Mundial de 2007 em relação à Olimpíada de 2004 e do Mundial de 2003 em relação à Olimpíada de 2000.

Percentual de melhoras de tempos: Mundiais em relação à Olimpíada de três anos antes
Ano  Ouro   Pódio  Final

2015 26.92% 53.85% 46.15%
2007 80.77% 69.23% 73.08%
2003 50.00% 50.00% 53.85%

Parece claro que, desses Mundiais, o mais forte foi o de 2007, e o mais fraco foi o de 2015. O Mundial de 2019, Gwangju, na Coreia do Sul, entrará nessa análise daqui dois anos.

Michael Phelps no Mundial de 2007, astro maior de um dos campeonatos mais fortes da história (foto: reprodução)

Resumo da ópera: pelos números, definitivamente não se pode afirmar que o Mundial foi mais forte que a Olimpíada do Rio de Janeiro. Foi menos forte do que a impressão deixada por algumas provas fortíssimas, como as citadas no início do texto. Mas isso não quer dizer que o nível não foi alto. Foi bastante. Um Mundial sem dúvidas mais forte do que usualmente se observa em anos pós-olímpicos.

Coach Alex Pussieldi, no Blog do Coach, relata que, em termos de organização, estrutura e ambiente ,o Mundial foi o melhor da história. Na piscina, o nível de performance dos nadadores com certeza fez jus a esse título.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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