50m livre: uma prova brasileira, com certeza

"Com todo respeito ao Florent Manaudou, ainda acho que Cesar Cielo é o homem mais rápido do mundo." Essa frase foi dita no início deste ano por Brett Hawke, ex-velocista australiano, finalista olímpico, técnico na Universidade de Auburn e treinador de Cielo quando este conquistou o ouro olímpico em 2008. Ele fazia referência ao francês que superou o brasileiro na luta pelo ouro olímpico no ano passado nos 50m livre.

Por conhecer tão bem o brasileiro, sua opinião tem muita relevância. E agora soa até como profecia, após a performance de Cielo na eliminatória dos 50m livre no Maria Lenk. Com 21s58, faz um tempo inclusive melhor que na final olímpica (21s59). Na realidade, naquela final olímpica, Cielo não alcançou todo seu potencial, por diversos fatores. Acontece, somos humanos. Tanto que, um mês depois, no Troféu José Finkel, fez 20s59 em piscina de 25 metros. Foi uma performance melhor que na Olimpíada, pois não se tira um segundo somente na virada. Por isso, fica a sensação que ele ainda pode fazer muito mais.

Seu tempo de hoje é o segundo melhor tempo do ano, três centésimos acima do mesmo Manaudou. Mas algumas considerações devem ser feitas. Foi somente a eliminatória. Hoje à tarde, na final, a motivação deve ser ainda maior (apesar de que grande parte dos atletas vêm piorando seus tempos nas finais). E além disso Cielo vem de uma cirurgia nos joelhos, que o limitou na maior parte dos treinamentos. De acordo com ele, apenas recentemente ele vem conseguindo realizar os treinos sem limitações. Ou seja, novamente, ainda há muita perspectiva de melhora para um futuro próximo.

Cesar Cielo durante aquecimento no Troféu Maria Lenk

E para completar, após um dia sem índices para o mundial ontem, somente nos 50m livre masculino são cinco atletas abaixo da marca para Barcelona (22s33). O favorito para a outra vaga é o finalista olímpico Bruno Fratus, que vem de lesão no ombro, não está 100% mas conseguiu nadar abaixo de 22 segundos (21s98). Em terceiro a surpresa Alan Vitória, do Botafogo, melhorando meio segundo, uma eterninade nessa prova, com 22s21. Empatados logo atrás vêm Nicholas dos Santos e Marcelo Chierighini (22s33). É bom lembrar que Chierighini abriu o revezamento 4x50m livre anteontem para 22s05. A final de hoje a tarde vai pegar fogo!

No feminino, ainda há margem de melhora para as brasileiras. Graciele Herrmann fez índice para o Mundial com 25s32 (2 centésimos abaixo da marca), mas ela tinha feito 25s20 abrindo o 4x50m livre. Alessandra Marchioro passou perto, com 25s48, mas, assim como Graciele, tem potencial para melhorar, pois fechou o 4x50m livre para 24s54, o que, desconsiderando a saída em movimento, provavelmente é um tempo melhor que o índice. Elas são as favoritas e fazem com que esta seja a única prova no feminino com chances de duas brasileiras disputarem em Barcelona. Fazendo com que, na exemplo do masculino, o 50m livre seja a melhor prova do país.

Por Daniel Takata