Comparativo: Troféu Maria Lenk 2013 x 2012

O Troféu Maria Lenk deste ano começou morno em termos de índices e tempos no ranking mundial, mas com o passar dos dias foi esquentando, a ponto de 15 nadadores já estarem garantidos no Mundial de Barcelona. Os fortes resultados dos últimos dias deixaram a impressão de que o Maria Lenk deste ano foi o mais forte dos últimos tempos. Será mesmo?

Um comparativo com o campeonato do ano passado não reflete esse pensamento. Como o objetivo é avaliar a natação brasileira, somente resultados de nadadores brasileiros foram considerados. Observando somente os resultados das finais (o panorama seria muito parecido se os melhores tempos das eliminatórias também fossem levados em conta), em 23 provas individuais o tempo vencedor do Maria Lenk de 2012 foi melhor que o da edição deste ano. Em 2013, em 11 provas os vencedores foram mais rápidos que os melhores de um ano atrás. A vantagem de 2012 seria ainda maior se considerássemos resultados de atletas estrangeiros, pois no ano passado vimos tempos impressionantes de atletas como Mireia Belmonte, Lotte Friis e Jeanette Ottesen.

Em termos de índice técnico, entre os brasileiros, os melhores em 2012 foram Fabiola Molina (100m costas, 951 pontos) e Felipe França (50m peito, 997 pontos). Em 2013, as maiores pontuações foram de Etiene Medeiros (50m costas, 969 pontos) e João Gomes Junior (50m peito, 979 pontos).

Se considerarmos somente provas olímpicas, a vantagem de 2012 é de 18 tempos mais rápidos de vencedores contra 8 de 2013. Em índices técnicos, em 2012, Fabiola Molina (100m costas, 951 pontos) e Cesar Cielo (50m livre, 985 pontos). Em 2013, Etiene Medeiros (100m costas, 945 pontos) e Henrique Rodrigues (200m medley, 978 pontos).

Henrique Rodrigues: melhor índice técnico em provas olímpicas em 2013

Levando em conta apenas provas olímpicas, o Maria Lenk de 2012 leva vantagem em todos os critérios. Em todas as provas, o Maria Lenk de 2013 só ganha no índice técnico feminino.

O fato de ser uma edição pós-olímpica pode ser uma das explicações. Muitos dos grandes destaques brasileiros de 2012 ainda não voltaram à sua melhor forma após um desgastante ciclo olímpico. E o final de 2012 foi particularmente duro para muitos atletas, que, por motivos diversos, trocaram de clubes e treinadores. As mudanças costumam demorar tempo para gerarem resultados.

O Maria Lenk deste ano foi mais fraco que o do ano passado, mas isso não é motivo para desespero. Não representa nenhuma involução e não é exclusividade brasileira. Grandes campeonatos também tiveram resultados menos impressionantes em 2013, como o japonês e o francês. O campeonato australiano está ocorrendo esta semana e o americano será em junho. Muito provavelmente o panorama será parecido. Nada incomum em um ano pós-olímpico (a exceção foi 2009, que teve tempos melhores que 2008 devido à evolução dos trajes tecnológicos).

Por Daniel Takata