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A ressurreição do nado de fundo australiano

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29/04/2013 16h21

A natação australiana não teve um bom desempenho nos Jogos Olímpicos de 2012. Somente uma medalha de ouro, em revezamento, foi conquistada. Para um país que nos últimos anos se acostumou a ser a segunda potência da natação mundial, por vezes até rivalizando com os Estados Unidos, o desempenho foi um baque. Uma verdadeira caça às bruxas foi realizada para apontar os responsáveis. O técnico da seleção Leigh Nugent não ocupa mais o cargo. Os integrantes do revezamento 4x100m livre masculino, franco favorito que terminou fora do pódio, foram acusados de baderna e indisciplina.

Em um país com tanta cultura de natação como a Austrália, esse parece ser somente um mau momento. Não irá demorar para que o país se reerga. Com talentos, investimento e vontade de sobra, não esperem que os australianos fiquem muito tempo longe do alto do pódio. É isso que eles começaram a mostrar no Campeonato Australiano, em Adelaide, que teve início sábado e que é seletiva para o Mundial de Barcelona.

Apesar de não estarmos nem na metade da competição, já se vislumbra uma luz no fim do túnel para o nado de longa distância do país. E nem é um túnel tão comprido. Os australianos foram reis do nado de fundo por mais de 20 anos. Só para citar um nome, Ian Thorpe foi campeão olímpico e mundial em provas como 200m, 400m e 800m livre. O 1500m livre é a prova de estimação dos australianos, com os bicampeões olímpicos Kieren Perkins e Grant Hackett, só para ficar nos mais recentes. Nessa prova, em Londres, a Austrália não teve nenhum nadador com o índice principal para disputar a prova. Uma situação que à época foi preocupante. Mas que, ao que parece, representou só um período de entressafra. Lá eles não dependem de talentos esporádicos. Vitórias e recordes em grandes competições não são exceção, e sim a regra. Exceção foi o que aconteceu no ano passado.

Pois nesse campeonato australiano, nos 400m livre, David McKeon venceu com 3min43s71. É o segundo melhor tempo do mundo em 2013 e lhe daria o bronze na Olimpíada de Londres. O segundo colocado, Jordan Harrison, com 3min45s85, ficaria na quarta posição em Londres, onde o melhor conseguido por um australiano foi um oitavo lugar. Um resultado animador e que faz os australianos sonharem com melhores dias, ainda mais levando em conta que Harrison tem somente 17 anos.

David McKeon

Nos 200m livre, outro grande resultado. Se não em termos individuais, mas sim no coletivo. A Austrália dominou o 4x200m livre de 1998 a 2004. Desde então, perdeu a hegemonia para os Estados Unidos, e em Londres sequer chegou ao pódio. Em Adelaide, a prova foi vencida por Thomas Fraser-Holmes com 1min45s79, um tempo que dificilmente lhe dará um pódio em Barcelona. Mas o destaque foi o nível da final da prova: o oitavo colocado fez 1min47s79. Para se ter uma ideia, o melhor brasileiro atualmente, Nicolas Nilo Oliveira, tem o tempo de 1min48s10. Juntando o tempo dos quatro melhores nadadores, teríamos a marca teórica de 7mn05s92, suficiente para o bronze em Londres. E tempos obtidos em revezamentos tendem a ser melhores que a soma das marcas individuais, pelo tempo que se ganha nas trocas de nadadores e pela adrenalina envolvida. Por isso, não será surpresa se a Austrália voltar a brigar pelo ouro na prova, algo que não ocorre desde 2004.

E poderia ter sido melhor. James Magnussen, sensação australiana nos 100m livre nos últimos dois anos, mas que perdeu o ouro em Londres por somente um centésimo, se arriscou a nadar a prova, mas foi até a semifinal (onde fez 1min47s90) e desistou de nadar a final. Sua característica, com uma volta fortíssima nos 100m, lhe dá credencial para um grande 200m livre em um futuro próximo. Em entrevista para a revista Swim Channel no ano passado, ele disse que pretende se arriscar mais nessa prova nos próximos anos. Ainda não mostrou todo seu potencial. Quando fizer isso, o revezamento agradecerá.

Falando nele, ao nadar a eliminatória dos 100m livre, fez 47s97, segundo melhor tempo do ano, superando o 48s11 do brasileiro Marcelo Chierighini no Troféu Maria Lenk. Ele fez um tempo mais alto na semifinal, claramente se poupando, mas fica a expectativa para a final, que será amanhã. Será ele capaz de chegar perto de seu excepcional 47s10 obtido ano passado?

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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