100m livre masculino: os melhores finais de prova
Mariana Brochado destacou em seu blog um vídeo da final olímpica dos 100m livre dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, dando ênfase à segunda metade de prova do holandês Pieter van den Hoogenband, que numa reação espetacular conseguiu tirar a vantagem conseguida pelo sul-africano Roland Schoeman (numa passagem fortíssima de 22s60) e conquistou o bicampeonato olímpico com 48s17.
A segunda metade da prova foi percorrida por Hoogenband em 24s80. Assistindo o vídeo, realmente é um final de prova impressionante. Mas será que esta é uma das melhores voltas de todos os tempos?
A resposta: não. Pelo menos em termos de tempo, há muitas outras performances mais rápidas, inclusive do próprio Hoogenband.
A primeira vez que um homem nadou os 100m livre e conseguiu a volta abaixo de 25 segundos foi nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. O russo Alexander Popov venceu com 49s02, com uma volta de 24s99 – o que quer dizer que ele foi com 24s03, significando uma prova praticamente negativa se considerarmos uma diferença de cerca de um segundo e meio que é obtida pela saída do bloco.
Até o início dos anos 2000, apenas Popov e Hoogenband conseguiam voltar abaixo de 25 segundos. Foi então que Ian Thorpe e Michael Phelps passaram a se arriscar na prova e frequentemente também conseguiam o feito.
Hoje, ainda não é um feito comum. Na era dos trajes tecnológicos (2008-2009), isso se tornou mais frequente. Se desconsiderarmos essa época, veremos que ainda é um feito raro. Nos Jogos Olímpicos de Londres, por exemplo, somente quatro dos oito finalistas conseguiram a volta na casa dos 24 segundos.
O clube de nadadores que tem voltas abaixo de 24s60, então, é muito mais restrito. São nadadores que são conhecidos por seus finais de prova e que não costumam ter sucesso nos 50m livre por primarem não por terem grande velocidade, e sim grande endurance (alguns também são grandes nadadores de 200m). Exceto um deles. Pode parecer surpreendente, mas Cesar Cielo tem uma das melhores voltas de 100m livre de todos os tempos.
Confira abaixo a lista dos segundos 50 metros mais rápidos em provas de 100m livre. Foram consideradas também performances em revezamentos, tanto abrindo quanto no meio da prova.
Nadador Volta Tempo total Ocasião
J. Magnussen, AUS 24s39 47s49 4x100m livre Mundial/2011 (abertura)
J. Magnussen, AUS 24s42 47s10 Camp. Australiano/2012
P. Hoogenband, NED 24s44 46s79 4x100m livre Atenas/2004
J. Magnussen, AUS 24s44 47s63 Semi Londres/2012
J. Roberts, AUS 24s46 47s63 Camp. Australiano/2012
J. Magnussen, AUS 24s49 47s35 Elim. Londres/2012
P. Timmers, BEL 24s50 48s57 Semi Londres/2012
M. Phelps, USA 24s52 47s15 4x100m livre Londres/2012
P. Hoogenband, NED 24s52 47s86 Semi Europeu/2002
C. Cielo, BRA 24s53 47s07 4x100m livre Pan-Americano/2011
Y. Agnel, FRA 24s60 46s74 4x100m livre Londres/2012
Os tempos de revezamento da lista acima, com exceção do obtido por James Magnussen abrindo o revezamento no Mundial de 2011, foram todos obtidos no meio da prova. Como se vê, Magnussen e Hoogenband são os reis da volta forte. . As voltas de Hoogenband são inacreditáveis porque ele está entre os melhores da história sendo o único da lista a pertencer a outra geração.
Ao realizar essa pesquisa, encontramos algumas performances interessantes. Como a de Michael Phelps no Campeonato Americano de 2003, em que venceu a prova com 49s19 passando 24s41 e voltando 24s78, essa sim uma prova de 100m livre negativa sem sombra de dúvidas!
O belga Pieter Timmers, conforme aparece na lista acima, teve uma volta estupenda de 24s50 na semifinal olímpica em Londres, e um tempo total de 48s57. Ou seja, sua ida foi de 24s07, disparado o mais lento dos semifinalistas. Nos dias de hoje, é inimaginável passar os primeiros 50 metros numa prova de 100m acima de 24 segundos em um nível olímpico. Sendo ele velocista, foi uma prova muito mal dividida. Uma divisão melhor de prova pode dar a ele uma marca melhor, e quem sabe um lugar entre os melhores do mundo já no próximo Mundial de Barcelona.
Pieter Hoogenband tem a parcial de revezamento mais rápida da história sem trajes tecnológicos, de 46s70 no 4x100m medley no Mundial de Barcelona/2003. Como ele tinha uma volta fortíssima, podemos imaginar que seu final de prova tenha sido inacreditável. Mas não foi bem assim. Contrariando suas características, naquela ocasião ele saiu muito forte e cansou no final: volta de 25s13. O que significa uma ida de 21s57! Mesmo com saída livre, a passagem é absurda, pois foi obtida no pé, na virada. E na prova individual dos 50m livre ele fez 22s29…
E quanto a Cesar Cielo? Ele é o único da lista acima verdadeiramente especialista nos 50m livre, e teve a melhor volta de sua vida nos 100m livre no Pan-Americano de 2011. Na ocasião, ele também conseguiu uma volta de 24s79 no 4x100m medley (tempo total de 47s28). O incrível é que ele obteve essas performances na altitude. Na prova individual, ele conseguiu o melhor tempo de sua vida sem trajes. com 47s84. Em Londres, ele fez 47s92 com uma volta de 25s32. Por isso, imaginamos que ele ainda tenha uma performance ainda melhor guardada dentro dele. Aliando sua velocidade com uma volta de 24s53, dificilmente ele faria um tempo acima de 47s50. Aguardamos curiosos o que ele nos mostrará nos próximos anos.
Por Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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