Rebecca Mann: em busca do impossível

Talvez vocês já tenham ouvido falar de Rebecca Mann – Becca, para os íntimos. Quem assistiu o GP de Orlando, realizado em fevereiro, e que foi transmitido por aqui pelo SporTV pôde comprovar seu talento em provas longas, com nada menos que seis medalhas em algumas das provas mais duras da natação (200m, 400m e 800m livre, 200m borboleta e 200m e 400m medley), sendo que ela venceu as duas provas de medley e os 400m e 800m livre.

Se parássemos por aí, já desconfiaríamos que ela é excelente nadadora. Seis medalhas em um GP americano, com diversos medalhistas olímpicos, não é para qualquer um. E ela tem somente 15 anos, o que deixa seus resultados mais significativos pelo futuro que se desenha.

Rebecca Mann

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Esse final de semana, ela deu mais argumentos àqueles que dizem que ela pode ser um fenômeno da natação. No Campeonato Americano de Águas Abertas, terminou na segunda posição nos 5 km e nos 10 km. Nos 5 km, somente a vencedora, no caso a vice-campeã olímpica Hayley Anderson, tem assegurada vaga no Mundial de Barcelona. Mas nos 10 km, tanto a campeã quanto a vice podem nadar a prova na Espanha, e também os 25 km (os americanos não realizam essa prova no campeonato nacional). Por isso, Mann está assegurada em Barcelona. Nos 10 km, ela chegou atrás apenas de Christine Jennings, nadadora de águas abertas já consagrada, e ficou à frente nada menos que Hayley Anderson, Ashley Twichell e Eva Fabian, que foram escolhidas as melhores nadadoras de águas abertas dos Estados Unidos em 2012, 2011 e 2010, respectivamente.

Seus resultados em piscina também lhe dão credenciais para brigar pelas primeiras posições no Campeonato Americano, no final de junho, e a possibilidade de ela se classificar em várias provas para o Mundial de Barcelona não é remota. Sua capacidade de recuperação é impressionante. No GP de Orlando, ela nadou os 800m livre, venceu com um excelente 8min27s37, descansou somente a final B dos 200m medley e voltou para ganhar a final A com 2min15s25, apenas cinco minutos depois dos 800m. E isso sem estar descansada, treinando normalmente. Em uma competição na Flórida, no ano passado, nadou os 800m para 8min40s e já subiu para nadar os 200m borboleta, sem qualquer descanso, para 2min13s. Lembra Michael Phelps há uma década, quando não tinha problemas de vencer e até bater recordes mundiais em uma mesma etapa.

Na seletiva olímpica do ano passado, aos 14 anos, Mann chegou a três finais, nos 400m e 800m livre e 400m medley. Na ocasião, terminou na quinta posição nos 800m, quebrando um recorde histórico de sua idade, que pertencia a Cinthia Woodhead desde 1978. Woodhead foi prata na prova nos Jogos Olímpicos de 1984. Outro recorde lendário superado por ela aconteceu este ano, nas 1650 jardas, que pertencia a Tiffany Cohen desde 1982. Cohen foi ouro em 1984 nos 400m e 800m livre. Pelos feitos de suas antecessoras, o futuro parece brilhar para Mann.

Ela também tem feitos incríveis em águas abertas. Quando tinha 10 anos, cruzou o canal de Maui, no Havaí (pouco mais de 15 quilômetros), e se tornou a pessoa mais nova a conseguir o feito.

Mann treina no Clearwater Aquatics, em Tampa, na Flórida, com Randy Reese, que já foi técnico da seleção americana em três Olimpíada. Se sua versatilidade e capacidade de recuperação lembram seu compatriota Michael Phelps, ela já afirmou mais de uma vez seu desejo de  alcançar um feito aparentemente impossível e chegar ainda mais longe do que o maior nadador da história. Mann vem dizendo que deseja conquistar nove medalhas de ouro em uma Olimpíada – oito na piscina e uma na maratona aquática. É difícil imaginar que uma nadadora possa vencer uma prova olímpica dos 10 km e tenha velocidade suficiente para compor o concorrido revezamento 4x100m livre americano. Mas alguns nadadores, como o próprio Phelps e Ian Thorpe (medalhista olímpico nos 100m e recordista mundial nos 800m), conseguiram unir velocidade e resistência como poucos haviam feito. Rebecca Mann espera levar essa versatilidade ainda mais longe.

Por Daniel Takata

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