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Yannick Agnel: a polêmica do momento

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21/05/2013 17h43

Em time que está ganhando não se mexe? Nem sempre. E a maior demonstração disso é o número de campeões olímpicos no ano passado que já trocaram de treinadores, ou estão em vias de. Para que fazer isso, se com o trabalho desenvolvido chegaram ao máximo possível? Os motivos são diversos.

A holandesa Ranomi Kromowidjojo, campeã dos 50m e 100m livre, por exemplo, não está mais treinando mais com Jacco Verhaeren, considerado um dos melhores do mundo, também responsável pelo sucesso de Inge de Bruijn e Pieter van den Hoogeband. Isso porque Verhaeren agora é diretor técnico da federação holandesa e abandonou o trabalho diário na beira da piscina. Kromowidjojo agora é orientada pelo ex-campeão mundial de medley Marcel Wouda.

Katie Ledecky, o fenômeno americano que aos 15 anos foi campeã olímpica nos 800m livre, vem nadando muito bem este ano as competições preparatórias. Isso mostra que a troca de treinador não a afetou negativamente. Até pouco depois dos Jogos de Londres, ela era treinada pelo japonês Yuri Suguiyama. Com o sucesso, Suguiyama recebeu um convite para ser assistente da equipe de natação da Universidade da Califórnia, em Berkeley, uma das mais fortes dos Estados Unidos, e não desperdicou a oportunidade. Ledecky continua em Bethesda, Maryland, nadando no Nation's Capital Swim Club sob comando de Bruce Gemmell.

Missy Franklin, melhor nadadora do mundo no ano passado, continua treinando com Todd Schmitz, no Colorado, com quem conseguiu suas maiores glórias, mas trocará de treinador por um motivo nobre: estudará na Universidade da Califórnia a partir do meio do ano e lá treinará sob comando de Teri McGeever, renomada treinadora olímpica.

Alguns estão com o futuro indefinido. Ryan Lochte, campeão olímpico dos 400m medley, continua em Gainsville treinando com Gregg Troy, seu treinador desde a época universitária (ou seja, uma década), mas ele já manifestou o desejo de se mudar para Los Angeles, onde nadaria provavelmente com Dave Salo no Trojans, por dois motivos: dar uma renovada de ares após tanto tempo seguindo o mesmo programa e conciliar seus treinamentos com a nova rotina de estrela da mídia (é um dos esportistas olímpicos mais requisitados para publicidade e está estrelando um reality show). Já Rebecca Soni, campeã dos 200m peito, é comandada por Dave Salo mas está incerta quanto ao futuro. Após Pequim-2008, quando também foi ouro nos 200m peito, não treinou muito e mesmo assim foi ao Mundial de 2009. Ela culpa a falta de treinamentos na época pela morrida histórica na final dos 200m peito (veja aqui). Esse ano ela não quis repetir isso e resolveu não competir. "Este ano é realmente o início do resto da minha vida", declarou ela, dando uma dica que mudanças estão por vir.

Além deles, há Michael Phelps, que não continua com Bob Bowman porque simplesmente se aposentou das piscinas.

E Sun Yang, campeão olímpico dos 1500m livre, continua com o mesmo treinador na China, Zhu Zhigen, mas a relação quase azedou no início deste ano, quando Yang ficou um tempo sem aparecer para treinar, se dedicando a campanhas publicitárias, o que deixou seu mentor revoltado. Yang chegou a pedir troca de treinador, pedido que foi rejeitado pela federação chinesa. Foi preciso um pedido de desculpas público por parte do nadador para que a parceria fosse retomada, e ao que parece continua no bom caminho, visto os resultados do fundista no campeonato chinês há dois meses.

E é aí que chegamos à polêmica do momento. O francês Yannick Agnel, um dos maiores destaques dos Jogos de Londres, com ouros nos 200m e 4x100m livre e indicado por muitos como o melhor nadador da temporada, está de mudança. Seu treinador, Fabrice Pellerin, foi escolhido por muitos o melhor do mundo no ano passado, afinal também comandou Camille Muffat (campeã olímpica nos 400m livre) e Clement Lefert (prata no 4x200m livre). Pellerin usa métodos não convencionais, como música durante os treinamentos, como forma de motivação, e vem dando certo.

Yannick Agnel e Michael Phelps em Londres-2012

Pois Agnel, surpreendentemente, declarou que está deixando Agnel e sua equipe em Nice. Está de mudança para os Estados Unidos, onde irá nadar com Bob Bowman – sim, o mentor de Michael Phelps. Em entrevista coletiva hoje com o nadador, a impressão que ficou é que houve algum desentendimento.

"Quero encontrar com Bob Bowman o que estava faltando em Nice: afeto e sinceridade. Tudo que Fabrice sempre quis evitar. Ele sempre quis manter uma distância entre ele e seus nadadores. É uma escolha que respeito e que tem dado resultado. Sou campeão olímpico e isso devo a ele. Talvez algum dia possamos conversar sobre tudo isso. O momento não é ideal para uma discussão. Mas existem coisas que ficarão somente entre Fabrice e eu." Fabrice declarou dias antes ao site SwimVortex que tudo que ele sabia sobe uma eventual mudança de Agnel era pela imprensa, e que não teve nenhuma conversa com o nadador.

Informações prévias dão conta de que Agnel se mudará para os Estados Unidos em setembro, e que até lá treinará em um programa provisório na França, mas não em Nice. "Não tenho mais nada a ver com o futuro de Yannick", disse Pellerin.

Por envolver um dos melhores nadadores do mundo, essa mudança ainda dará o que falar. Mas trocas de técnicos não são incomuns na natação, mesmo em times que estão ganhando – leia-se, mesmo para campeões olímpicos. Certa vez, alguém disse que cada atleta tem um técnico para sua vida. Veremos se essa máxima valerá para Kromowidjojo, Ledecky, Franklin, Lochte e, sobretudo, Agnel.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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