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As maiores provas da carreira de Michael Phelps

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04/06/2013 13h19

Michael Phelps não foi um prodígio simplesmente em ganhar as mais variadas provas em profusão (suas 22 medalhas olímpicas e 34 (!!) em mundiais falam por si só). Sua capacidade de surpreender o mundo em performances inacreditáveis também é digna de nota. Superar recordes impossíveis e abaixar em segundos marcas que ninguém conseguia melhorar fazem parte do seu repertório.

Aqui listamos as maiores provas de sua carreira. Pode haver controvérsias, mas ninguém duvida que aqui estão algumas das maiores performances da história da natação. E uma curiosidade: nenhuma das provas abaixo é a que Michael Phelps considera a melhor de sua carreira. Quer saber qual é? Phelps falou para a Swim Channel, e a resposta você encontra na edição 12, já nas bancas e no site http://www.swimchannel.com.br

200m medley – Mundial de Barcelona/2003

O recorde mundial da prova vinha de 1994, com o finlandês Jani Sievinen, com 1min58s16. Um mês antes do Mundial, Phelps abaixou o recorde para 1min57s94 no GP de Santa Clara, sem polir nem raspar. Em Barcelona, na semifinal da prova, fez 1min57s52. Poderia ele abaixar ainda mais? A resposta veio no dia seguinte, com um inacreditável 1min56s04. A superioridade foi tanta que ele chegou mais de três segundos à frente do segundo colocado, o australiano Ian Thorpe. Ele teve as melhores parciais de borboleta, costas e livre da prova – teve o livre melhor até mesmo que Thorpe. Aquele foi o Mundial da afirmação de Phelps como grande estrela mundial (quatro medalhas de ouro e duas de prata). Mas foi nos 200m medley que ele mostrou porque se tratava de um nadador diferenciado. Ele ainda abaixou aquele tempo três semanas depois no Campeonato Americano, com 1min55s94, mas, até Barcelona, ninguém achava que seria possível alguém nadar abaixo de 1min57s, quanto mais para 1min56s0!

200m livre – Mundial de Melbourne/2007

Phelps era favorito para o ouro nos 200m livre. Já havia sido campeão mundial em 2005, e seu maior rival na prova, Ian Thorpe, anunciara a aposentadoria no fim de 2006. Havia o holandês Pieter van den Hoogenband, campeão olímpico em 2000 e vice em 2004, mas Phelps já vinha fazendo tempos melhores havia algum tempo. Por isso, sua vitória não foi surpreendente, mas sim seu tempo: 1min43s86, superando em 20 centésimos o recorde mundial de Thorpe que vinha de 2001 e que muitos achavam impossível de ser quebrado na época. Phelps abaixou direto para 1min43s sem nunca ter passado pelo 1min44s (seu melhor tempo era 1min45s20), e seu feito adquiriu ares mais espetaculares pela sua fenomenal última virada, abrindo um corpo de Pieter somente com suas ondulações submersas. Quem viu jamais vai esquecer.

200m borboleta – Mundial de Melbourne/2007

Após o recorde dos 200m livre, era claro que Phelps estava na melhor forma de sua vida. Mas nos 200m borboleta, sua melhor prova, superou todas as expectativas. Seu recorde mundial era de 1min53s71, marcado pouco antes do Mundial, no GP de Missouri (no vídeo abaixo, aparece a marca de 1min53s80 como recorde mundial na ocasião, o que é um erro). Em Melbourne, liderou de ponta a ponta de maneira indiscutível e mais uma vez deixou todos de queixo caído: 1min52s09, mais de três segundos à frente do segundo colocado. É a melhor performance de sua vida na prova. Ele até superou o recorde mundial em Pequim/2008 e Roma/2009, mas ajudado por um traje tecnológico. Em Pequim, foi atrapalhado pela água que entrou em seus óculos e nadou os últimos 100 metros sem enxergar nada. Não fosse isso, o recorde da prova hoje poderia estar em um inimaginável 1min50s!

400m medley – Jogos Olímpicos de Pequim/2008

O 400m medley seria uma prova crucial para as pretensões de Phelps em 2008. Era a primeira do programa olímpico em Pequim. Se confirmasse o favoritismo, daria prosseguimento à saga das oito medalhas de ouro. Se perdesse, viria seu sonho arruinado logo na primeira prova. Portanto, mais do que a medalha de ouro em si, estava em jogo o efeito psicológico que a performance poderia causar. E não poderia ter sido melhor. Com 4min03s84, superou em quase um segundo e meio seu próprio recorde de um mês antes, da seletiva americana. Era a oitava vez que ele superava o recorde da prova. Ele tirou o recorde de 4min11s76, em 2002, e levou para 4min03s! Hoje, é o mais antigo recorde de Phelps em vigor. Mesmo ajudado por um traje tecnológico, o tempo foi totalmente fora dos padrões para a época. Algo que Michael Phelps já estava acostumado a fazer.

100m livre – Jogos Olímpicos de Pequim/2008

Não é preciso falar muito do revezamento 4x100m livre de Pequim, no qual a equipe americana derrotou a francesa de forma inacreditável. Mas vamos relembrar da parcial de abertura de Phelps. Lembrem-se, no dia anterior ele havia vencido o 400m medley, uma prova de total resistência. Como ele ousaria nadar uma prova de velocidade como o 100m livre? Ele não só nadou como seu tempo de abertura de 47s51 ficou somente a um centésimo do recorde mundial da prova, que era do francês Alain Bernard. Na verdade, o austrlaiano Eamon Sullivan, nadando na raia ao lado de Phelps, vez 47s24 e superou o recorde naquela mesma ocasião. Em uma prova cheia de recordes e de performances inacreditáveis (como o 46s06 de Jason Lezak fechando), também foi inacreditável ver Phelps quase bater o recorde mundial em uma prova que talvez estivesse na sétima ou oitava posição em sua lista de prioridades!

100m borboleta – Mundial de Roma/2009

Phelps havia derrotado o sérvio Mirolad Cavic em Pequim/2008 por apenas um centésimo. Mas foi no Mundial de Roma que a rivalidade pegou fogo. Phelps reclamava dos trajes tecnológicos (na ocasião, ele utilizava um ultrapassado Speedo LZR). Cavic dizia que poderia emprestar um Arena X-Glide, um dos trajes da moda, para o americano, para equilibrar a disputa. Na água, não houve traje que segurasse Phelps. Cavic passou na frente, como de costume, mas foi atropelado por um Phelps mordido. Vendo seu final de prova, parece que ele havia acabado de sair para um tiro de 15 metros, no entanto eram os últimos 15 metros de uma prova de 100m! Phelps vibrou de maneira incomum, inclusive mostrando seu traje para os presentes. Para alguém já considerado o melhor nadador de todos os tempos, que já havia conquistado tudo que era possível, aquilo foi de arrepiar.

Não é possível incorporar o vídeo do Youtube neste post. Para assistir, acesse esse link: http://www.youtube.com/watch?v=DDjj6xd3tbs

Bônus: 200m costas – Campeonato Americano/2004 e 100m costas – Campeonato Americano/2007

Não é preciso exigir muita coisa a mais de um nadador campeão olímpico e recordista mundial nos 200m livre, 100m e 200m borboleta e 200m e 400m medley. No entanto, Phelps foi além disso. Ele foi bom, muito bom, excelente em provas do nado de costas. Nadou somente uma vez o estilo em uma grande competição internacional (Pan-Pacífico de 2006). Mas sempre deixou claro que era um dos melhores do mundo no costas. No Campeonato Americano de primavera de 2004, esvaziado devido principalmente os atletas estarem se concentrando para a seletiva olímpica três meses mais tarde, Phelps nadou os 200m costas e fez 1min55s30. Somente 15 centésimos acima do recorde mundial de Aaron Peirsol. À época, Phelps ainda não era o Phelps como iríamos conhecer, e sua habilidade no costas era desconhecida da maioria. Em 2007, fez 53s01 nos 100m costas, a três centésimos do recorde mundial que também era de Peirsol. Ou seja, Phelps nunca foi recordista mundial em provas de costas, mas chegou muito perto disso. E ao ameaçar recordes de Peirsol, tido como o segundo melhor nadador de costas da história (atrás apenas do alemão-oriental Roland Matthes), assombrou o mundo. Imaginem se ele se dedicasse exclusivamente a esse estilo?

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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