Mais feitos inéditos nos 10km masculino

O tunisiano Oussama Mellouli planejava fazer ainda mais história hoje, na prova de 10 km. Anteontem, ele se tornara o primeiro campeão olímpico e mundial em piscina e em águas abertas, e hoje desejava ser o primeiro homem a vencer os 10 km em Mundiais e em Olimpíadas. Mas quem fez história foram exatamente os dois nadadores que terminaram a sua frente.

Mellouli esteve entre os três primeiros durante a prova inteira. O que mudou foram seus concorrentes. Estiveram com ele Burnell (GBR), Radford (AUS), Hodson, Weinberger, Vidal. Somente no início da última volta o grego Spyridon Gianniotis deu um sprint e assumiu a liderança de maneira inesperada, até para ele, como confidenciou logo depois na entrevista coletiva. O alemão Thomas Lurz também estava no pelotão de trás a maior parte da prova e se moveu para os três primeiros. E a ordem final foi essa: Gianniotis, Lurz e Mellouli.

Thomas Lurz, Spyridon Gianniotis e Oussama Mellouli

Colunistas do UOL

Gianniotis faz história por dois motivos. É o primeiro homem a defender seu título nos 10 km em Mundias de Desportos Aquáticos (vencera em 2011) e se torna o mais velho campeão da prova, aos 33 anos. O mais velho era ele mesmo, em 2011. Lurz, por sua vez, conquista sua 13ª medalhas em mundiais e se isola ainda mais como o maior medalhista nas águas abertas. Para Mellouli, bom resultado, já que, como ele mesmo destacou após a prova, é apenas sua sexta competição em águas abertas.

Excelente resultado também para Allan do Carmo. Como parte de sua estratégia, teve um início suave, esteve em 32º, depois 22º, e na terceira volta já estava em quarto, finalizando a prova em sétimo e conquistando o melhor resultado da história do Brasil na prova. "É minha característica mesmo, segurar no início e forçar no final", destacou ele após a prova. Diogo Villarinho adotou a estratégia contrária, estava em quinto na metade da prova, mas sentiu o forte ritmo e terminou na 52ª posição. Foi sua primeira participação em mundiais e ele pode se mirar no exemplo do próprio Allan, que em 2011 terminou na 50ª posição e agora foi top 10.

Allan do Carmo requisitado após a prova

Após a prova, Gianniotis disse que pensou em parar de nadar após os Jogos de Londres e que por isso voltou a treinar tarde, somente em março deste ano, e não esperava muita coisa do Mundial. Pela falta de treinos, disse que nunca sentiu tanta dor na vida nos últimos 100 metros e que o resultado foi muito surpreendente. Ambos Lurz e Mellouli destacaram que sentiram o cansaço da prova de 5 km, a qual Gianniotis não nadou para se poupar. O tunisiano reclamou do francês Vidal, que segundo ele fez questão de fazer jogo de corpo durante toda a prova, e Lurz concordou, dizendo que não entende os nadadores que se preocupam em brigar ao invés de nadar, e ainda alfinetou: esses são os que nunca sobem ao pódio.

Por Daniel Takata