Bronze com sabor de ouro
A equipe brasileira entrou sem muitas perspectivas para a prova de 5 km por equipes, hoje, no Mundial de Barcelona. Sem perspectivas talvez não seja o termo ideal, pois sabiam que uma medalha estava ao alcance. Mas seria a primeira vez que nadariam a prova, uma prova em que a estratégia é fundamental (leia como funciona a prova aqui).
Mas a boa fase dos nadadores superou todas as dificuldades. Poliana Okimoto já havia feito história com o ouro nos 10 km e a prata nos 5 km. Samuel de Bona e Allan do Carmo também estiveram entre os melhores em suas provas (o primeiro ficou em 6º nos 5 km e o segundo em 7º nos 10 km).
Utilizando uma estratégia em que nadaram em fila, com Samuel e Allan se revezando na primeira posição e Poliana sendo arrastada pelo vácuo formado por eles, a equipe brasileira terminou na terceira posição, com o tempo de 54min03s5. Chegaram somente atrás das equipes da Alemanha e da Grécia.
Na verdade, "chegar atrás" não é o termo mais preciso, pois cada equipe nadou separadamente, com um minuto de distância entre elas, e no final os tempos foram comparados. A Alemanha chegou primeiro. Quando o Brasil cruzou a linha de chegada, a Itália estava com a segunda posição com o tempo de 54min34s0. Mais tarde, chegou a Grécia, que bateu o tempo do Brasil por somente dois décimos.
"Nem sei o que falar, estou muito feliz", disse Samuel, radiante com a primeira medalha mundial conquistada por homens do Brasil em águas abertas. "Conversei muito com o Allan, a gente estudou bastante a estratégia, e o resultado está aí."
"Estou muito honrada por subir no pódio com eles", disse Poliana. "Estamos na batalha há muito tempo, disputo mundiais desde 2006 junto com o Allan, e o Samuel está em ótima fase, eles mereciam essa medalha."
Allan enfatizou a importância da campanha histórica brasileira. "Os resultados servirão para divulgar mais o esporte e essa geração tem ainda muito futuro. Em 2016 vamos em busca de medalhas na Olimpíada."
E poderia ter sido melhor, se não fosse a inexperiência na prova. Alemães e gregos já haviam nadado a prova no Mundial de 2011, por isso sabiam o que fazer. "Com a experiência que têm, os alemães nadaram a prova de maneira perfeita e mereceram a vitória", disse Igor de Souza, coordenador de águas abertas da CBDA. "Foi bem difícil, a gente não tinha nem noção do que esperar", disse Poliana na entrevista coletiva. "A estratégia era os meninos nadarem forte e eu tentar acompanhá-los. No final acabamos com o bronze por dois décimos, assim como nos 5 km, em que perdi o ouro pela mesma diferença."
Como disse Ricardo Cintra, técnico de Poliana, "os resultados estão sendo tão bons que o pessoal está ficando mal acostumado." Ele destacou que ter perdido a prata por dois décimos deixou alguns brasileiros presentes frustrados. "Não tem que ficar frustrado, é um bronze num mundial!" Pelas condições, um bronze que vale ouro.
Ele tem razão. Qualquer medalha deve ser comemorada, ainda mais em uma prova nova para os brasileiros. Já são cinco em Barcelona. E a motivação não poderia ser maior para a última prova, os 25 km, no sábado, em que Ana Marcela Cunha, Allan do Carmo e Diogo Villarinho têm boas chances. No momento, o Brasil têm cinco medalhas nas águas abertas e lidera o quadro de medalhas, com uma a mais que a Alemanha. Também lidera o quadro de pontuação da FINA. O Brasil é o país das águas abertas em Barcelona!
Por Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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