Entrevista exclusiva: Alexander Popov
O russo Alexander Popov é um dos maiores nadadores da história. Dono de nove medalhas Olímpicas, é o único a conquistar o bicampeonato na dobradinha da velocidade (50m e 100m livre, em 1992 e 1996). Detentor de recordes mundiais que demoraram anos para serem superados nessas provas, teve uma longeva carreira (esteve entre os melhores do mundo entre 1991 e 2004). Em Campeonatos Europeus, é disparado o maior medalhista, com 26 láureas.
Atualmente, Popov é embaixador da Omega, membro do COI e vice-presidente da Federação Russa de Natação. Também faz parte do comitê de avaliação dos Jogos Olímpicos de 2016, e por isso vem frequentemente ao Rio de Janeiro.
Ele também é conhecido pela sinceridade em entrevistas e declarações. Frases como "em um bom dia, ninguém irá me derrotar. Nem em um dia ruim" e "eu não treino com Michael Klim, ele é que treina comigo" faziam parte de seu repertório como nadador. E mesmo hoje em dia não tem papas na língua.
Durante o Mundial de Barcelona, Popov falou como exclusividade somente para dois veículos brasileiros: o jornal Lance! e a revista Swim Channel. Ao Lance!, deixou suas impressões sobre as preparações do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016, e como de costume não poupou críticas (clique aqui para ler).
À Swim Channel, o russo falou sobre alguns de seus momentos marcantes na natação. Relembrou a amizade com Gustavo Borges, contra quem competiu por anos, falou do Mundial de Barcelona de 2003, em que conquistou três medalhas de ouro, e novamente foi polêmico: disse desconhecer os casos de doping na natação russa (são mais de dez no último ano – clique aqui para matéria no site SwimSwam) e ainda cutucou a natação brasileira.
Swim Channel: Você teve grandes momentos em Barcelona, na Olimpíada de 1992 e no Mundial de 2003. O que lembra de marcante destas competições?
Alexander Popov: Os pódios de 1992 e 2003 foram ocupados por pessoas diferentes. Em 1992, o dividi com Gustavo Borges, contra quem continuei competindo até 2004. Ele é um grande cara, somos colegas de comissão na FINA. Nossas famílias se reuniram aqui em Barcelona, e foi um grande encontro, pois a última vez que havia visto sua família foi em Roma, em 2009. Desta vez, seus filhos estão bem mais crescidos, foi interessante. Tivemos momentos fantásticos.
SC: Em 2003, você nadou suas provas usando como traje a calça de competição. É verdade que, naquela ocasião, você foi o primeiro nadador a utilizar duas calças, para ajudar a flutuabilidade? (nota: a utilização de dois trajes foi proibida anos depois, por ajudar os nadadores em demasia)
Popov: Usei duas calças sim, é verdade. Mas havia uma razão para isso. Era uma forma de comprimir meus joelhos. A calça da coleção da Arena da época não era tão boa quanto a anterior. Foi por isso que tive que usar duas, para fins de compressão. Meus joelhos não estavam tão bons. Era a única razão. Eu estava ficando muito velho.
SC: E por que na Olimpíada de 2004 você não conseguiu sequer chegar às finais de suas provas, somente um ano depois de ter conquistado três ouros no Mundial?
Popov: Eu estava muito velho.
SC: Mas em 2003 você não estava velho?
Popov: Meu corpo desistiu. Foi como se ele dissesse "basta! Chega!"
SC: Havia uma grande expectativa para que você se tornasse o primeiro homem tricampeão olímpico na natação nos 50m e 100m livre…
Popov: Me desculpe. Eu falhei. Eu estava realmente fora do jogo. Uma vez que você chega no limite… Já era hora de eu fazer algo diferente.
SC: Por que grandes nadadores russos da atualidade, como Evgeny Korotyshkyn, Arkady Vyatchanin, Yulia Efimova e Vladimir Morozov optaram por treinar fora da Rússia?
Popov: Ele se tornaram mais profissionais. Com isso, eles procuraram lugares que podem beneficiá-los, desde as condições de treinamento, de vida, de ambiente. Eles se tornaram mais profissionais e se tornaram mais exigentes. Exigentes no sentido de produzir resultados. Você tem que investir em você mesmo para ter melhores resultados. Essa é a razão.
SC: O que tem a dizer sobre os casos de doping na natação russa?
Popov: Não sei de nada sobre isso.
SC: Você não ficou sabendo dos casos?
Popov: Não. Na verdade fiquei sabendo de vários casos de doping na natação brasileira.
Por Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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