Detalhes do feito de Diana Nyad: a travessia do Estreito da Flórida
Finalmente ela conseguiu! Aos 64 anos de idade, a americana Diana Nyad tornou-se a primeira pessoa a concluir a nado e sem as jaulas de proteção contra tubarões uma das distâncias mais desafiadoras das águas abertas: o Estreito da Flórida. O trecho separa a ilha de Cuba do estado americano da Flórida e tem cerca de 177 km de distância. E a veterana atleta concluiu o desafio em 52 horas e 54 minutos. Diana já havia tentado esta travessia outras quatro vezes (a primeira em 1978, ou 35 anos atrás!), mas sempre teve problemas e foi obrigada a abandonar seu grande sonho.
Ela partiu do Club Náutico Internacional Hemingway, em Havana, Cuba, dia 31 de agosto as 9h (horário local) rumo a praia de Key West, na Flórida onde chegou no dia 2 de setembro quase ao meio dia. Além da longa distância os nadadores que se aventuram a cruzar o Estreito enfrentam outras adversidades. Uma das mais temida são os possíveis ataques a tubarões, já que a região é conhecida por abrigar dezenas de espécies. Em 1997 a australiana Susan Maroney tornou-se a primeira pessoa a concluir a travessia, porém com o auxílio das jaulas de proteção contra tubarões, acessório que Diana descartou dessa vez.
Outros obstáculos a serem enfrentados são os ataques de águas vivas, o intenso frio, possíveis tempestades e as fortes correntezas quando há mudanças climáticas na região. Para concluir o percurso Diana usou durante boa parte do caminho uma roupa especial que cobria todo o seu corpo para se proteger das águas vivas. Ela sabia que esta seria a única forma de poder nadar a distância, pois nas experiências anteriores sempre encontrou dificuldades após as queimaduras provocadas por esses animais marinhos.
Porém, a roupa poderia atrapalhá-la também. Primeiro porque ela a deixava mais pesada e lenta, e segundo pela sensação de claustrofobia: apenas a boca e o nariz estavam em contato diretamente com a água. Além disso, durante uma parte do trajeto ela usou uma máscara de silicone (veja na foto abaixo) que protegia quase todo o rosto, com exceção dos lábios. Os treinos com o traje antes da travessia foram vitais para a adaptação e sucesso ao longo do desafio. Diana também sofreu no fim da travessia com os efeitos da longa exposição do seu corpo a água salgada e teve seus lábios, língua e boca inchados, além de quase não conseguir falar após deixar o mar.
Para conseguir atravessar o Estreito da Flórida, Diana contou com uma grande equipe de 35 profissionais, entre técnicos, médicos, nutricionistas, meteorologistas e mergulhadores, estes que durante o percurso iam a frente dela afastando algumas águas vivas do caminho da nadadora. E ela afirmou que também teve sorte porque a corrente marinha a empurrou e ajudou enquanto nadava.
E este feito histórico deve render a Diana um lugar no Guiness Book, o livro dos recordes. A atual recordista de travessias sem o auxílio de jaulas contra tubarões é a australiana Penny Palfrey, que detém a marca de 40 horas e 41 minutos após concluir a travessia entre as ilhas Grand Cayman e Little Cayman, na região do Caribe, em 2011. E curiosamente Penny também tentou atravessar o Estreito da Flórida ano passado, mas desistiu após uma forte correnteza que poderia afogá-la após ter nadado 40 horas.
Ainda em Cuba antes de começar a nadar, Diana deu uma entrevista e disse que esta seria sua última tentativa e que tudo tinha valido a pena na investida de realizar seu grande sonho. Sonho que agora tornou-se uma realidade.
Por Guilherme Freitas
Colaborou Daniel Takata
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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