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Florent Manaudou: em busca do trono dos 100m livre

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10/12/2013 05h00

Florent Manaudou (foto: Josep Lago/AFP)

Florent Manaudou (foto: Josep Lago/AFP)

Na semana passada, na disputa do Campeonato Francês de piscina curta, Florent Manaudou, campeão olímpico dos 50m livre, obteve seu melhor resultado do ano. Não que seu 21s37 obtido na semifinal do Mundial de Barcelona não tenha sido excelente. Aquela performance ficou um pouco ofuscada por ele não ter nadado bem na final e ter terminado fora do pódio. Mas o que ele fez nos 100m livre em piscina de 25 metros há alguns dias deixou todos de queixo caído.

Ele já vinha se arriscando nos 100m livre, tanto que integrou o revezamento 4x100m livre campeão mundial em Barcelona, e esse ano tem o melhor tempo do país em piscina longa. Mas faltava subir um nível para se colocar no mesmo patamar que alcançou nos 50m livre. E ele fez isso agora. Pelo menos em piscina curta.

Seu 45s04 é simplesmente a melhor marca da história sem trajes tecnológicos. Ficou somente a dez centésimos do recorde mundial, do compatriota Amaury Leveaux de 2009 – obtido não com um, mas com dois trajes tecnológicos, lhe dando uma vantagem em termos de flutuabilidade sem precedentes.

Não só Manaudou ficou próximo de um recorde mundial que na época contou com uma grande ajuda extra, como outro fato indica o poder de sua performance: a melhor marca da história sem trajes tecnológicos pertencia a Vladimir Morozov com 45s52 (com James Magnussen com 45s60 e Cesar Cielo com 45s74 vindo logo a seguir nesse ranking). Ou seja, Manaudou tirou meio segundo do melhor tempo da história sem trajes, em uma prova de 100m livre!

Sabemos que ele tem grande potência nas saídas e viradas, fundamentais em piscina de 25 metros. Mas 45s04 na curta representa o tipo de velocidade para desafiar o 47s10 de Magnussen na longa, melhor tempo da história sem trajes. Ou o recorde mundial de Cielo de 46s91.

A curtíssimo prazo, Manaudou, que se disse "um pouco desapontado por não ter quebrado o recorde mundial", tem mais uma chance de derrubar a marca de Leveaux: a oportunidade será no Europeu de Curta, em Henning, na Dinamarca, que começa na próxima quinta-feira (12 de dezembro).

Desde que os recordes mundiais começaram a ser reconhecidos em piscinas de 25 metros, em 1993, cinco merecem menção especial nos 100m livre. E Manaudou pode figurar em breve nessa lista. Vamos a eles:

47s94 – Gustavo Borges (Brasil), 1993
A FINA começou a reconhecer recordes em piscina curta em 1993, e estabeleceu as melhores marcas mundiais até então como tempos mínimos para que um tempo pudesse ser reconhecido como recorde. Nos 100m livre, era 48s20, do alemão Michael Gross. Gustavo Borges, cujo melhor tempo na longa era de 49s51, tinha plenas condições de se tornar o primeiro recordista da prova, pois possuia fundamentos de viradas perfeitos. Não deu outra. Na primeira oportunidade real que teve, no Troféu José Finkel de 1993, se tornou o primeiro homem na história a nadar a prova abaixo de 48 segundos e o primeiro brasileiro recordista na curta.

Gustavo Borges, primeiro recordista mundial dos 100m livre em piscina curta (foto: AFP)

Gustavo Borges, primeiro recordista mundial dos 100m livre em piscina curta (foto: AFP)

46s74 – Alexander Popov (Rússia), 1994
Popov era o rei da velocidade da época, campeão olímpico dos 50m e 100m livre, mas nunca deu muita importância para piscina curta (nunca venceu um mundial sequer). Isso não quer dizer que ele não tenha tido grandes performances. No início de 1994, disputando etapas da Copa do Mundo, em uma sequência impressionante, primeiro superou o recorde de Gustavo Borges, e depois abaixou mais três vezes, colocando o recorde em um fortíssimo, para a época, 46s74, na etapa de Gelsenkirchen, na Alemanha.

46s25 – Ian Crocker (Estados Unidos), 2004
Em 10 anos, ninguém havia ameaçado o recorde de Popov. Nenhum nadador sequer havia nadado abaixo de 47 segundos. Mas, em 2004, Crocker estava em uma fase iluminada. No NCAA, o Campeonato Universitário Americano, destruiu o recorde mundial dos 100m borboleta em um segundo. Aproveitando suas fortíssimas ondulações, abaixou o recorde de Popov em meio segundo nos 100m livre, puxando seu adversário mais próximo, o croata Duje Draganja, a também nadar abaixo da antiga marca, e o francês Frederick Bousquet a ficar a apenas um décimo do tempo de Popov, na prova mais forte da história até então.

45s83 – Stefan Nystrand (Suécia), 2007
O sul-africano Roland Schoeman chegou a igualar o recorde de Crocker em 2005. Mas abaixar, só no final de 2007, quando Nystrand se tornou o primeiro nadador abaixo de 46 segundos na etapa da Copa do Mundo de Berlim. Foi a melhor fase da carreira do sueco, que na mesma época quase bateu o recorde mundial da prova na longa, ao se tornar o segundo a completar a distância abaixo de 48 segundos.

44s94 – Amaury Leveaux (França), 2008
No Europeu de Curta no final de 2008, Leveaux superou o recorde duas vezes, se aproveitando da flutuabilidade de dois trajes tecnológicos, utilizados um por cima do outro. Foi um dos poucos recordes conseguidos com esse artifício. Depois daquilo, a FINA vetou o uso de duas peças. E por isso que, em 2009, no auge do desenvolvimento dos trajes, recordes caíram em quase todas as provas, mas não nos 100m livre masculino. Nenhum nadador de Jaked ou Arena X-Glide, os trajes mais desenvolvidos na época, conseguiu melhorar o tempo. Mas esta semana um francês vestindo somente um Jammer (bermuda de competição) tem mais chances do que nunca de fazê-lo.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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