Rei e Rainha do Mar: celebrando um estilo de vida

"Esse é o melhor evento esportivo que existe! O nível de energia e empolgação é contagiante!"

Essas são as palavras de Luiz Lima, ex-nadador olímpico, hoje treinador, comentarista de natação e um dos organizadores do Rei e Rainha do Mar, evento que já se tornou parte da cultura esportiva do país.

A última etapa das três realizadas no ano foi realizada neste final de semana, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A última etapa do ano, como já se tornou tradição, conta com as provas abertas a todos mediante inscrição e o atrativo da prova para atletas de elite, profissionais, com grandes atrações da natação internacional.

Multidão na largada de uma das provas do Rei e Rainha do Mar (foto: Satiro Sodré)

No sábado, com a realização das provas no mar, de corrida, de biathlon e de stand up paddle, o que se viu foi, mais do que uma competição, uma grande confraternização, celebrando o estilo de vida e o amor pelo esporte.

"A natação é o esporte mais democrático! Em que outro tipo de competição você pode ver o atleta iniciante competindo contra ídolos como Poliana Okimoto?", diz Luiz Lima.

Ele se referia ao fato de Poliana e mais outros tantos que nadariam o desafio elite no domingo, como o multicampeão olímpico Aaron Peirsol, a vice-campeã olímpica Keri-Anne Payne, a campeã mundial Ashley Twichell e o medalhista mundial Samuel de Bona, e que se juntaram aos atletas amadores e disputaram as provas de sábado. O que também revela o clima do evento: mesmo com um desafio duríssimo no dia seguinte, esses atletas profissionais abriram mão de um dia de descanso. Simplesmente para fazer parte do espírito que contagiou a todos.

Allan do Carmo, que junto com Poliana e Samuel foi bronze na prova de equipes no Mundial de Barcelona, não nadaria o desafio elite e por isso não economizou, nadando e vencendo todas as provas de natação (1, 2 e 4 km).

O desafio elite, transmitido ao vivo no Esporte Espetacular no domingo, viu a consagração de Poliana e Samuel, derrotando em uma prova emocionante seis duplas fortíssimas de países tradicionais. O formato inovador (revezamento de atletas a cada 500 metros, totalizando 3 km de prova) se revelou um sucesso de audiência e também entre os atletas, que não esconderam o fato de que nadar em equipe traz uma motivação totalmente diferente para um esporte essencialmente individual (veja na Best Swimming um resumo da prova). Isso se refletiu nao só na camaradagem dentro das duplas, como entre todos os atletas, em um ambiente descontraído, fora do contexto das competições oficiais, nas quais os atletas interagem basicamente com seus compatriotas em um ambiente de pressão.

Poliana e Samuel comemoram: coroação de um grande final de semana (foto: Satiro Sodré)

No Rei e Rainha do Mar, nadadores de diferentes países até dividem o mesmo quarto no hotel, dando margem a fatos inisutados. Que outra competição conseguiria trazer um dos maiores nadadores de piscina de todos os tempos, mas aposentado, como Aaron Peirsol? E em que outro ambiente surgiria uma revelação como o japonês Yasu Hirai, desconhecido do grande público mas apresentando grande performance na água e também fora dela, sendo um dos atletas mais carismáticos, cativando público e atletas e se emocionando revelando ser um grande fã de MMA e realizando um sonho encontrando o lutador Minotauro? (veja aqui a reportagem do SporTV)

Esse clima de descontração e confraternização deu o tom do evento não só no desafio elite, mas durante todo o final de semana. Foram 3 mil inscritos para as competições de sábado. Com tantas provas variadas e tantas premiações em jogo (havia premiação geral, por faixa etária e por pontos acumulados ao longo das três etapas), objetivos a serem traçados havia para todos os gostos. Keri-Anne Payne, nadadora consagrada, vice-campeã olímpica e campeã mundial, melhor nadadora do mundo em águas abertas em 2011, ficou encantada. "Estou impressionada! Se houvesse um evento como esse na Grã-Bretanha, seria um sucesso! Certamente haveria mais de 10 mil inscritos", disse. Por fins de segurança, o número de atletas é limitado e talvez 10 mil seja um número um pouco alto. Mas, a julgar pela procura e sucesso do evento, muito mais participariam.

"É até injusto tratar um evento desse como um produto. Pois trabalhamos o lado humano, e é disso que o esporte trata. Não se trata de um negócio. Essa é uma das razões desse sucesso", finaliza Luiz Lima. Fazendo da natação cada vez mais um estilo de vida.

Por Daniel Takata