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Cesar Cielo: o top 10

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29/12/2013 05h00

Quais foram os destaques mundiais de 2013? Apesar de muitas premiações já terem acontecido, as principais da natação mundial ainda não tiveram seus resultados divulgados. A Swimming World divulgou somente o resultado das águas abertas de seu tradicional prêmio, com Poliana Okimoto e Thomas Lurz sendo eleitos os melhores do planeta. A FINA divulgará seus eleitos no início de 2014. O Troféu Best Swimming, principal premiação da natação brasileira, irá ao ar no dia 31 de dezembro (com Daniel Takata, Guilherme Freitas e Patrick Winkler da Swim Channel como componentes do painel de votação).

Uma premiação nova surgiu em 2013. O site Swim Vortex, criado este ano, sob comando do renomado jornalista Craig Lord, já se tornou uma das principais referências no universo aquático online. E também elegeu seus melhores do ano. Na categoria principal, os melhores do mundo das piscinas foram a americana Katie Ledecky e o chinês Sun Yang. Há também outras categorias menos usuais, como melhor nadador em piscina curta, melhor nadador junior e campeões da consistência.

Na categoria prova do ano, um concorrente seriíssimo seria o 50m livre no Mundial de Barcelona. Afinal, a final da prova contava com oito medalhistas olímpicos, sendo três campeões da prova. A mais estrelada da história. E o campeão, Cesar Cielo, se tornou o primeiro tricampeão da prova com a melhor marca da história sem trajes tecnológicos.

Pois não foi o que aconteceu. A prova sequer foi indicada ao prêmio. Ganhou os 100m livre de Barcelona (James Magnussen contra Jimmy Feigen e Nathan Adrian). Na segunda posição, os 400m medley (Daiya Seto contra Chase Kalisz e Thiago Pereira). Em terceiro, empatados, 200m borboleta e 200m costas.

Inexplicável, certo? Para a Swim Channel e certamente muitos outros, o 50m livre no Mundial de Barcelona foi a prova masculina do ano. Cielo, na ocasião, disse que foi a melhor sensação que experimentou na carreira e que foi uma das melhores provas de sua vida.

Nesse ano de 2013, sua conquista mais importante, o ouro olímpico de 2008, completou cinco anos. Em homenagem a esse aniversário e a fantástica conquista em Barcelona, listamos aqui as maiores provas de sua carreira, em ordem cronológica. Apesar de ele ter performances fantásticas em piscinas de 25 metros e de 25 jardas, aqui consideramos somente desempenhos obtidos em piscina olímpica.

100m livre – Troféu Daltely Guimarães 2006
Cielo, então com 19 anos, superou aqui o recorde sul-americano de Fernando Scherer, depois de oito anos. Se colocou como quinto no mundo na época. Ele já havia nadado como gente grande no Mundial de curta de Xangai, no mesmo ano, mas essa foi a primeira performance que realmente atraiu os olhos do mundo.

100m livre – Mundial de Melbourne 2007
O brasileiro entrou na final da prova na raia um, como franco atirador. Era visto como possível surpresa, mas não se classificou para a final com facilidade e eram poucos que colocavam as fichas nele. Mas ele saiu para decidir, virou na primeira posição e só perdeu a medalha no final, por somente quatro centésimos. Apesar de ter ficado fora do pódio, era claro que aquele jovem havia chegado para ficar.

50m livre – Jogos Pan-Americanos 2007
No Pan do Rio, na ausência das estrelas americanas, ele era o principal favorito nas provas de velocidade. Confirmou as expectativas ao levar os 100m e o 4x100m livre. Mas foi no último dia de provas, nos 50m livre, que ele obteve o melhor resultado da carreira até então. Seu 21s84 ficou somente a 20 centésimos do recorde mundial de Alexander Popov. Com esse tempo, ele teria vencido o Mundial de Melbourne. E, àquela altura, se colocava com um dos principais concorrentes para a Olimpíada do ano seguinte.

50m livre – Olimpíada de Pequim 2008
Em Pequim, Cielo experimentou uma montanha-russa de emoções. Ficou feliz ao nadar pela primeira vez abaixo de 48s abrindo o 4x100m livre (que foi desclassificado). Ficou frustrado com seu tempo na semifinal dos 100m e já chorava, achando que não se classificaria, quando soube que obtivera a vaga para a final na oitava posição. Da decepção à alegria pelo bronze na final da prova. Confiança readquirida, entrou como um furacão nos 50m livre, batendo o recorde olímpico nas três vezes que entrou na água. E foi assim a primeira medalha de ouro olímpica da natação brasileira.

100m livre – Mundial de Roma 2009
Já consagrado como melhor do mundo nos 50m, faltava mostrar que também era capaz de fazer o mesmo nos 100m. Abrindo o 4x100m livre no primeiro dia, quase bateu o recorde mundial. Na final da prova individual, não teve jeito. Administrando o campeão olímpico Alain Bernard, usando suas habilidades nos fundamentos de saída e virada para economizar forças no nado, conseguiu assim um final de prova melhor e venceu a prova nobre da natação com recorde mundial. Essa vitória, ao lado da de Ricardo Prado em 1984 e da dobradinha de Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha em 2013, é o maior feito do Brasil na história dos mundiais de natação.

50m livre – Open CBDA 2009
Era a última chance que Cielo tinha para bater o recorde mundial de sua prova preferida antes da extinção dos trajes tecnológicos. Na eliminatória, ficara a oito centésimos da marca do francês Fred Bousquet. Incentivado pela torcida, na piscina do Pinheiros em que se formou nadador, melhorou o recorde em três centésimos, abaixando pela primeira vez dos 21 segundos. Marca que dura até hoje e que jamais foi ameaçada.

50m livre – Open de Paris 2010
Após o veto aos trajes tecnológicos, nenhum recorde mundial foi batido em piscina longa em 2010. O desafio era superar as marcas que foram obtidas antes do advento dos trajes. E, nos 50m livre, essa marca vinha desde 2000, com ninguém menos que Alexander Popov, um dos ídolos da juventude de Cielo. Após passar perto no Troféu Maria Lenk na Unisanta, ele superou a marca do russo no tradicional Open de Paris com 21s55 após uma saída fantástica. Até hoje, pouquíssimos nadadores nadam abaixo dessa marca.

100m livre – Jogos Pan-Americanos 2011
Nadando na altitude de Guadalajara, após o Mundial de Xangai (principal competição da temporada), não era de se esperar grandes tempos. Só esqueceram de avisar Cielo disso. Além dessas dificuldades, a baliza da piscina não contava com o apoio para os pés. Ainda assim, Cielo obteve sua melhor marca sem trajes tecnológicos: 47s84. Tanto na prova individual como nos revezamentos, conseguiu os melhores finais de prova da carreira, abaixo de 25 segundos nos 50 metros finais. Depois, não conseguiu repetir essas performances nos 100m. Mas é justamente o desempenho nesse Pan que deixa a impressão que ele ainda não mostrou tudo que é capaz nos 100m livre.

50m borbo – Troféu Maria Lenk 2012
O Troféu Maria Lenk de 2012 presenciou fortíssimas performances em provas de 50 metros – em todas as provas masculinas foram obtidos tempos líderes do ranking mundial, e em algumas delas os melhores tempos da história sem trajes tecnológicos. Foi o caso dos 50m borboleta masculino. Em um duelo acirrado com Nicholas Santos, Cielo, com 22s76, conseguiu a melhor marca sem trajes, que dura até hoje. Há quem diga que o vento a favor ajudou. Pode ser. Mas ninguém faz um tempo como esse por acaso.

50m livre – Mundial de  Barcelona 2013
Nunca na história dos campeonatos mundiais uma prova contou com três campeões olímpicos desta prova. Foi o que aconteceu nos 50m livre em Barcelona. Além de Cielo, estavam alinhados na final Florent Manaudou (campeão em 2012) e Anthony Ervin (campeão em 2000), além de Roland Schoeman (bronze em 2004). Todos os oito finalistas eram medalhistas olímpicos. O tempo para classificação foi bem mais forte que na Olimpíada de Londres. O favorito era Manaudou, pela performance na semi. Mas em uma prova histórica, o resultado também foi histórico: melhor tempo sem trajes tecnológicos da história e primeiro tricampeonato mundial da prova para Cielo. Que recuperou o status de homem mais rápido do mundo após o bronze olímpico de 2012. E se colocou como um dos principais velocistas da história da natação.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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