Miguel Valente: esperança para o fundo?
De Djan Madruga a Luiz Lima, e algumas décadas de distância, poucas novidades encheram os olhos na natação de fundo brasileira. Dominada por estrangeiros sul-americanos nos últimos tempos, as provas de 1500m parecem ter ganhado um rosto novo, de esperança. É isso, ao menos, que ele espera.
Miguel Valente, de 21 anos, foi um dos grandes nomes, e surpresas, do Maria Lenk 2014. O nadador do Minas Tênis Clube venceu pela primeira vez o torneio absoluto em São Paulo, na prova mais longa em piscina, além de ter sido medalha de prata nos 400m, em grande e acirrada disputa com Leo de Deus. Conquistas expressivas, especialmente para quem, no ano passado, ficou perto de pendurar a sunga para se dedicar aos estudos.
"Comecei a faculdade e fiquei na dúvida sobre continuar ou não. Pensei que teria que valer a pena, e me dei um ultimato: ou esse ano eu consegueria uma boa melhora, ou pararia de nadar. Até tranquei um semestre do curso. E foi quando melhorei de 4min00s pra 3min53s.", afirmou Miguel à Swim Channel.
Tempo que ele derrubou para 3min51s36 no Maria Lenk, ficando a dois segundos do índice para o Pan Pacífico. Feito que também conseguiu nos 1500m, na qual baixou sua marca em duas competições seguidas. No torneio absoluto, nadou para 15min28s, e, um mês depois, cravou 15min16s no Campeonato Brasileiro Junior e Sênior. A apenas um segundo do índice do torneio que acontecerá na Austrália no próximo mês. Quase nada para uma prova tão longa.
A virada no curso da carreira de Miguel Valente faz com que o próprio nadador transborde confiança para os colegas de equipe. Hoje o Minas TC tem os melhores fundistas do país, o que aumenta a competitividade entre os nadadores.
"Acho muito legal pensar que eu sou a esperança para o fundo brasileiro. Comigo também estão vindo outras pessoas. Alguns que treinam comigo viram que é possível nadar na casa dos 3min50s nos 400m livre, e você acaba motivando quem está em volta também. Meus principais adversários estão aqui. É como se cada treino virasse uma competição, e vamos melhorando com isso."
Fã do chinês Sun Yang, Miguel se inspira na natação oriental para seus incansáveis treinamentos, que envolvem dez sessões por semana, de seis a sete mil metros cada, além de musculação e preparação física.
"Não sou muito alto ou forte (tem 1m76), e me lembro no Mundial Junior que fui em 2011. Havia um japonês que devia ter 1m60, e nadava na casa dos 3min50s de 400m. Até hoje ele é uma inspiração pra mim. Tudo é possível com dedicação. Não é só talento."
Por isso, os próximos passos de Miguel estão bastante definidos, a curto e longo prazo. Ele foi convocado para a sua primeira seleção absoluta, para a disputa do Campeonato Sul-Americano, no início de outubro. Primeiro, ele pretende buscar no Troféu José Finkel, que será em setembro, o índice para o Mundial de Curta de dezembro. "Seria meu primeiro grande evento internacional, um encaminhamento pra uma possível Olimpíada". Assim esperamos.
Por Mayra Siqueira
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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