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A cara da seleção master brasileira

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24/07/2014 10h44

"Acho que aquela mosquinha azul me mordeu de novo". Uma das maiores celebridades da natação master brasileira – e mundial -, Marcus Mattioli representa aquele velho roteiro que muitos conhecem: de nadadores que fizeram da piscina a sua vida por muitos anos, mas que, com o cansaço da rotina e a pressão, acabaram encerrando uma carreira vencedora… por algum tempo. De alguma forma, a saudade bateu, e recolocou o medalhista olímpico e pan-americano no esporte, agora, aos 53 anos, como master. Uma decisão bastante acertada.

"Desde que decidi voltar, em 2006, eu perdi os 30kg que ganhei e bati 52 recordes mundiais, e não quero parar tão cedo. Hoje minha maior terapia é nadar, e quando eu não nado, fico agoniado. O que segura minha cabeça é a natação, é um bem incomensurável que ela traz", declarou o multicampeão à Swim Channel.

Nas suas contas, são 26 medalhas em Mundiais - Foto: Arquivo Pessoal

Nas suas contas, são 26 medalhas em Mundiais – Foto: Arquivo Pessoal

Mattioli foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, no revezamento 4x200m livre, ao lado de Djan Madruga, Jorge Fernandes e Cyro Delgado. Entre indas e vindas, deixou passar outras duas Olimpíadas  sem disputar, e desistiu de vez da natação em 1989. Quando seu filho mais velho, Rafael, começou a nadar e competir pelo Minas Tênis Clube, Mattioli percebeu que não seria simples manter a vida sedentária na tarefa de pai de atleta.

"Eu ficava muito nervoso vendo ele nadar. Já com 16 anos sem praticar esportes, eu estava vendo a hora que iria enfartar. Foi na mesma época que o Pradinho (Ricardo Prado) operou e colocou seis pontes de safena. Aí eu pensei: 'se ele precisou disso, eu vou precisar de umas dez!' Acabei tentando corrida, mas tive uma lesão logo na primeira tentativa, da qual nunca me recuperei, e não consegui mais correr."

Mattiolli no Campeonato Brasileiro de 1977 - Foto: Arquivo Pessoal

Mattioli no Campeonato Brasileiro de 1977 – Foto: Arquivo Pessoal

Mattioli então voltou intensamente aos treinos de natação, inclusive raia a raia com seu filho, e com Thiago Pereira, na época nadador do Minas TC. "Cheguei a disputar um Campeonato Brasileiro ao lado do meu filho, nos 200m borboleta. Foi a maior emoção da minha vida, e fomos muito aplaudidos".

O resultado da dedicação? Hoje, nas contas dele, são 26 medalhas de Mundiais master, sendo 22 de ouro, 52 recordes mundiais batidos, além de ter sido eleito duas vezes o melhor nadador master do ano pela conceituada revista Swimming World, em 2007 e 2011. Feito que, até então, entre os brasileiros, somente Maria Lenk havia conseguido.

O segredo, segundo ele, é a paixão pelo que faz e a dedicação nos treinos. Raramente ele treina muito mais que 4 mil metros. "Tive um talento muito grande para nadar, mas meu maior talento sempre foi para treinar. Não é nenhum sacrifício treinar forte, muito pelo contrário. Não sinto falta de um técnico ou equipe. Dificilmente eu faço um treino do qual eu não saio cansado, exausto. Uma hora depois eu fico depredado, fico acabado pelo resto do dia. A intensidade, mais que metragem, faz a diferença para mim."

Mattioli encabeça um grupo de brasileiros que vai a Montreal dentro de uma semana, para disputar o Mundial Master, que conta com mais de 9 mil inscritos, entre nadadores de 25 a 97 anos nesta edição. Ele tem os melhores tempos em todas as seis provas individuais que irá disputar: 200m, 400m, e 800m livre, 100m e 200m borboleta, além da travessia. "Em algumas provas eu lidero com alguma folga, em outras é diferença de milésimos. A disputa vai ser muito grande, com alguns nomes novos e outros com quem já travo braçadas há um bom tempo. Mas tive uma boa preparação, nadei muito bem nas últimas competições, estou com boa expectativa. Quem sabe bater outro recorde mundial?" Pode contabilizar: a coleção de medalhas vai aumentar.

Por Mayra Siqueira

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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