Cesar Cielo: um francês no meio do caminho

Dizem que a vingança olímpica só pode ser alcançada em uma Olimpíada. Se for assim, Cesar Cielo terá que esperar até 2016 para ter a sua. E de certa forma é o que lhe motiva. Tivesse ele vencido os 50m livre na Olimpíada de Londres, em 2012, obviamente haveria vontade de sobra para repetir a conquista em 2016, no Rio de Janeiro. Mas o fato de ter perdido o ouro em Londres é uma motivação a mais para conquistá-lo daqui pouco mais de um ano e meio. Ele tentará se tornar, dessa forma, o primeiro nadador da história a conquistar o ouro olímpico quatro anos após ter perdido o título.
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Derrotar o algoz de 2012, o francês Florent Manaudou, faz parte do pacote. No ano passado, Cielo venceu a prova no Mundial de Barcelona, disputado em piscina de 50 metros. Nos 50m livre, em grandes competições, o placar está 1 x 1. O desempate acontecerá hoje, na final da prova no Mundial de piscina curta, em Doha, no Catar.

Cesar Cielo (foto: Satiro Sodré)

A imprensa internacional vem tratando o duelo como um dos mais esperados da competição. Não é para menos. As disputas em 2012 e 2013 sedimentaram a rivalidade, e os nadadores vêm se estabelecendo como os maiores velocistas do mundo. Cielo é o atual tricampeão mundial dos 50m livre e bicampeão nos 50m borboleta em piscina de 50 metros. Este ano, Manaudou venceu os 50m livre no Campeonato Europeu, e no Campeonato Francês em piscina de 25 metros alcançou o feito de vencer todas as provas de 50 metros, em todos os estilos (borboleta, costas, peito e livre). Além, é claro, de ser o atual campeão olímpico dos 50m livre.

Impossível fazer um prognóstico. Até porque talvez nunca vimos dois nadadores chegarem tão iguais a uma competição. Em piscina de 50 metros, o melhor tempo dos dois nadadores após o fim da era dos trajes tecnológicos é 21s32. Em piscina de 25 metros, também estão empatados: 20s51. Ontem, na disputa do revezamento 4x50m medley, Cielo fechou para a equipe brasileira em 20s08. Manaudou foi apenas quatro centésimos mais rápido.

Florent Manaudou (foto: Josep Lago/AFP)

Na semifinal, ambos controlaram o final de prova. Cielo nadou para 20s80 e Manaudou para 20s93. Esconderam o jogo. Nada parecido com o que veremos hoje. Em favor de Cielo está o fato de Manaudou nadar as semifinais dos 50m costas e 50m borboleta antes da final dos 50m livre – o brasileiro inclusive optou por não nadar os 50m borboleta para se poupar.

O recorde mundial, de 20s30 do sul-africano Roland Schoeman, da época dos trajes tecnológicos, é dificílimo. Mas poderá cair com a batalha que se configurará. Que contará com outro nadador de respeito: o russo Vladimir Morozov, atual campeão mundial em piscina curta. Ele jamais pode ser ignorado, e se levar o ouro não será uma surpresa.

Mas a atração mesmo é o duelo Cielo x Manaudou. Caso vença, o brasileiro desempatará o placar em 2 a 1. Mas o que ele quer mesmo é vencer na final olímpica, em agosto de 2016. Aí, sim, a vingança estará completa. Uma vitória hoje, assim como o ouro no Mundial de Barcelona há um ano, é um passo importante no caminho da glória olímpica. Seria como experimentar o sabor de um doce, o qual poderá ser completamente degustado em 2016. O doce sabor da vingaça.

Por Daniel Takata