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'Swim Mom': a arte de torcer junto

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20/05/2015 16h08

A mochila aberta, em cima da cama, com todos os itens precisamente organizados, dobrados e encaixados dentro: os chinelos, a touca, os óculos, o roupão, a toalha, o maiô ou sunga, a garrafinha, os suplementos, as barrinhas de cereais… na cozinha, o lanche embrulhado aguarda dentro da geladeira. A rotina se repete nas residências de nadadores. E, em tantos casos, existe uma figura central responsável por tanta meticulosidade: as mães.

No Brasil, os berros de dona Rose são bastante famosos. A mãe de Thiago Pereira é figura carimbada nas competições do filho. Nos Estados Unidos, uma genitora também  acabou ganhando "fama" ao acompanhar e vibrar com as conquistas do filho, e ajudá-lo a superar um distúrbio para alcançar o sucesso. Um gênio das piscinas, Michael Phelps.

Família Phelps: Debbie e Michael, em programa americano de televisão

Família Phelps: Debbie e Michael, em programa americano de televisão

 

Debbie Phelps, mãe de três filhos, todos nadadores.  Professora de escola pública, dona Phelps cresceu no estado de Maryland, e viu sua primogênita, Hilary, iniciar a carreira nas piscinas pelo North Baltimore Aquatic Club. Inspirados pela irmã, Whitney, a do meio, e o mais jovem, Michael, seguiram seus passos. E, por mais que as garotas da família tivesse grande habilidade aquática, foi com o caçula que os holofotes mundiais se acenderam: Sidney, Atenas, Pequim, Londres. São 22 medalhas olímpicas que colocaram em evidência o "transe" que dona Phelps admite entrar quando presencia mais uma conquista do filho direto das arquibancadas. Da euforia e torcida, às lágrimas.

Como educadora – hoje, Debbie é diretora de uma fundação educacional  das escolas públicas de Baltimore  -, dona Phelps lançou uma autobiografia, intitulada "A Mother for All Seasons", sobre como criar um filho vencedor como mãe solteira. E educar Michael deu certo trabalho.

Capa do livro de Debbie Phelps - Foto: Reprodução

Capa do livro de Debbie Phelps – Foto: Reprodução

Quando criança, o caçula sofria com falta de concentração, o que afetava o seu desempenho escolar. Como único homem entre duas irmãs, Debbie acreditava que era normal o seu excesso de energia e falta de foco do garoto, mas os relatos dos professores da séria dificuldade em fazer Michael começar e finalizar uma mesma atividade persistiram por toda sua juventude. Cutucava os colegas. Se entediava com algum exercício. Falava demais. Não parava quieto… Enfim, aos nove anos, o diagnóstico: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). E o apoio maternal foi fundamental para tratar o problema do jovem, que aos 15 anos figuraria na seleção americana nos Jogos Olímpicos de Sidney.

O tratamento com medicamento persistiu regularmente até os 12 anos, quando ele pediu à mãe para parar. Mesmo com dificuldade de manter o foco até a idade adulta, uma característica sempre marcou a personalidade do filho de dona Phelps: a capacidade de permanecer absolutamente concentrado por cerca de 4h, durante um período de competição – mesmo que ele só precisasse de três ou quatro minutos para sua prova. "Natação é sua paixão", simplifica Debbie.

A experiência de lidar com um agitado Michael em casa tornou a educadora "especialista" por prática com diversos distúrbios comuns entre as crianças. Até hoje ela participa ativamente de um grupo de mães com filhos diagnosticados com TDAH, repassando sua experiência como "swim mom" ("mãe da natação", do inglês, como é chamada), em referência à vida aquática de seus filhos.

Acordar cedo, fazer a mala da natação, preparar o lanche. Estar na arquibancada para torcer, se emocionar e sofrer e sorrir junto. Conversar com outras mães, trocar experiências, tornar-se expert em tempos, termos de treino, e até palpitar nas atividades do filho (mesmo que isso irrite alguns treinadores). A rotina de mãe participante na natação é tão comum quanto importante para a formação de um atleta. "Você educa seus filhos dando-lhes asas para que possam voar. E sinto que dei asas para que os meus alcançassem o sucesso", disse, certa vez, dona Phelps, antes de trocar a ansiedade, tensão e angústia de uma prova, em sorriso e lágrimas ao avistar o tempo no placar eletrônico.

*Esta é (por que não?) uma homenagem atrasada a todas as mães da natação!

Por Mayra Siqueira

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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