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Troféu Maria Lenk: 18 verdades, 1 mentira

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24/04/2017 20h26

Parque Aquático Maria Lenk (foto: reprodução/Rio2016)

Na semana que vem, será disputado o Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, última seletiva para o Campeonato Mundial de esportes aquáticos e o Campeonato Mundial Júnior. Na onda da brincadeira "9 verdades, 1 mentira", fazemos aqui nossa versão: "18 verdades, 1 mentira" sobre a competição, que até a edição de 2006 se chamava Troféu Brasil. Um agradecimento especial a Renato Cordani, pela ajuda na obtenção de algumas informações. Consegue adivinhar qual é a falsa?

Obs.: para os levantamentos realizados, foi considerado que, quando determinado atleta terminava a prova atrás somente de nadadores estrangeiros, ele não venceu a prova. Apesar de ser considerado o campeão brasileiro, não foi o campeão da prova na competição.

1 – Na primeira edição do Troféu Brasil, disputado em 1962 em Porto Alegre, o vencedor dos 200m borboleta, Luiz Simi, completou a distância em 2min40s04. O tempo não seria suficiente para alcançar a final B do último Troféu Maria Lenk… nos 200m peito feminino. Outros tempos…

2 – No Troféu Brasil de 1978, Djan Madruga obteve o incrível feito de 12 medalhas de ouro, sendo nove individuais e três em revezamentos. As únicas provas do programa que não venceu foram os 100m costas e os 100m e 200m peito – na época as provas de 50m livre, 50m borboleta, 50m costas, 50m peito e 800m livre não constavam no programa de provas masculino. O feito nunca pôde ser repetido, pois o regulamento foi alterado, limitando o número de provas por atleta, que variou ao longo dos anos. Hoje, são permitidas quatro provas individuais por nadador, mais os quatro revezamentos.

3 – Fenômenos da natação brasileira na década de 80, Ricardo Prado e Patricia Amorim venceram suas primeiras provas em Troféu Brasil em idades tenras: Ricardo tinha 14 ao vencer os 400m medley em 1979, e Patricia, 13, quando conquistou o ouro nos 200m livre em 1983. Em janeiro de 1986, Georgiana Magalhães venceu os 100m peito. Não temos sua idade exata, mas, pelas suas participações em brasileiros de categoria, na ocasião ela tinha no máximo 14 anos e um mês de idade. Desde então não vemos vencedores tão novos (Poliana Okimoto venceu aos 14 anos e sete meses em 1997) e parece improvável que, no cenário atual, testemunhemos tal feito novamente.

Ricardo Prado, 14 anos em 1979 (foto: Arquivo Folha)

4 – Na edição de 1982, Jorge Fernandes teve um desempenho memorável, talvez o mais marcante dos anos 80 na competição, ao vencer os 100m e 200m livre com 51s21 e 1min51s33. Os resultados assombraram a comunidade e estavam muito à frente de seu tempo no país. Tanto que duraram como recordes nacionais por quase uma década. Nos 200m, seu tempo lhe daria a medalha de bronze olímpica dois anos antes.

5 – No Troféu de 1988, Cristiano Michelena teve um desempenho memorável e conquistou sete medalhas de ouro (100m, 200m, 400m, 800m e 1500m livre e revezamentos 4x100m e 4x200m livre). Após a limitação do número de provas por atleta, citada no número 3, o feito de Cristiano ficou por anos sendo o melhor de um atleta na competição. Foi superado em 2007, ano em que Thiago Pereira obteve sete ouros e uma prata.

6 – A rivalidade entre Fernando Scherer e Gustavo Borges era grande na década de 90 nas provas de velocidade do nado livre. No entanto, apesar de Gustavo ter tido mais conquistas internacionais, no Troféu Brasil quem dava as cartas era Xuxa: entre 1992 e 1998, venceu os 50m e 100m livre por sete vezes consecutivas.

7 – O Flamengo, graças principalmente à fortíssima equipe da década de 80 (campeã oito vezes consecutivas entre 1980 e 1987), chegou a 12 títulos em 2002, e parecia que não perderia a liderança em conquistas por muito tempo. Mas o Pinheiros não perdeu tempo e repetiu o feito do rival: oito títulos consecutivos de 2003 a 2010, completando 13 títulos e tornando-se a equipe mais vencedora do torneio. Com as vitórias em 2015 e 2016, hoje totaliza 15 títulos.

8 – A última medalha de Gustavo Borges no Troféu veio no revezamento 4x100m livre em 2004. Curiosamente, nadando na mesma equipe pelo Pinheiros, estava Cesar Cielo, que conquistava sua primeira medalha na história da competição. Praticamente uma passagem de bastão.

Cesar Cielo e Gustavo Borges (foto: Satiro Sodré/SSPress)

9 – O Parque Aquático Maria Lenk foi inaugurado há dez anos para os Jogos Pan-Americanos de 2007. No mesmo ano, Maria Lenk morreu, e o Troféu Brasil passou a levar seu nome. A partir de então, parecia que o melhor complexo aquático do país seria local cativo para a principal competição nacional. Mas o torneio foi disputado lá somente quatro vezes até hoje.

10 – Em 2009, a competição viu o único recorde mundial de sua história: ao completar os 50m peito em 26s89 nas eliminatórias da prova, Felipe França superou a marca global que pertencia ao sul-africano Cameron van der Burgh.

11- Em 2009, Gabriella Silva nadou os 50m livre e terminou na quarta posição, a menos de um décimo da medalha de bronze… nadando borboleta! E nadando contra fortes adversárias: seis das outras sete competidoras haviam representado o Brasil em Jogos Olímpicos, cinco delas no ano anterior. Além da própria Gabriella, claro.

Gabriella Silva (foto: Satiro Sodré/SSPress)

12 – Thiago Pereira, com 13 vitórias nos 400m medley entre 2003 e 2015, é quem mais venceu consecutivamente uma prova na história do torneio. Em número de vitórias, no entanto, Fabiola Molina é imbatível: 45 títulos individuais entre 1992 e 2012.

13 – Joanna Maranhão e Thiago Pereira são os únicos a vencerem provas individuais em todos os estilos na história da competição. Joanna venceu pela primeira vez em cada estilo nas seguintes ocasiões: 2002 (200m peito), 2003 (200m medley), 2008 (200m costas e 200m borboleta) e 2010 (400m livre). Thiago, por sua vez, ganhou em 2003 (400m medley), 2005 (200m peito), 2007 (200m costas), 2008 (400m livre) e 2013 (100m borbleta).

14 – A partir da década de 90, tornou-se comum clubes trazerem atletas estrangeiros para ajudarem nas pontuações, principalmente no feminino. Diversas atletas que subiram ao pódio em Olimpíadas nadaram a competição, como Inge de Bruijn, Yana Klochkova, Mireia Belmonte, Katinka Hosszu, Rebecca Soni, Laure Manaudou, Kirsty Coventry e Therese Alshammar. No entanto, somente dois atletas que conquistaram medalhas olímpicas em provas individuais masculinas nadaram o Troféu: o austríaco Markus Rogan em 2010 e o tunisiano Oussama Mellouli, em 2011.

15 – Por falar em estrangeiros, faz algum tempo que uma edição de Troféu não é vencida somente por nadadores brasileiros. Muito tempo. A última vez que isso ocorreu foi em 1996.

16 – Em 2014, foi disputada pela primeira e única vez uma prova de águas abertas dentro da programação da competição. Os 5 km foram disputados na raia da USP, e foram vencidos por Poliana Okimoto e Luiz Rogério Arapiraca.

17 – Os medalhistas olímpicos Thiago Pereira e Cesar Cielo são os maiores nomes da natação do país deste século. Mas, enquanto Thiago superou cinco recordes sul-americanos individuais na competição, Cesar obteve somente um, nos 100m livre em 2009.

18 – Este ano, dois atletas têm a chance de defenderem as maiores hegemonias da competição na atualidade. Leonardo de Deus nos 200m borboleta e 200m costas e a argentina Julia Sebastian nos 200m peito dominam suas provas desde 2012, e podem conquistar hexacampeonatos em 2017.

Leonardo de Deus (foto: Satiro Sodré)

19 – O programa de provas como é disputado hoje, com todas as provas presentes em Campeonatos Mundiais mais o revezamento 4x50m livre, se mantém desde 2002 (com uma exceção para 2016, edição na qual foram disputadas apenas provas olímpicas e sem revezamentos). Os 800m livre masculino e 1500 livre feminino eram disputados na competição na década de 80, mas foram removidos do programa, e voltaram em 2002. As provas de 50m borboleta, 50m costas e 50m peito e o 4x50m livre foram acrescentadas em 1999.

Por Daniel Takata

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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