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Aurélie Muller buscará vaga olímpica na piscina

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05/08/2020 20h16

A bicampeão mundial Aurélie Muller concedeu uma longa entrevista para o site da FINA falando sobre seu futuro nas águas abertas e na natação. A francesa, que originalmente era uma fundista de piscina antes de migrar para as águas abertas em 2007, decidiu voltar às suas raízes em busca de uma vaga na prova de 1500m livre em Tóquio, naquela que será a primeira disputa feminina da distância nos Jogos Olímpicos.

O índice a ser alcançado entre as nadadoras francesas é de 16min02s75 e o melhor de sua carreira é 16min24s34, feitos no Campeonato Francês de 2017. A vaga na maratona aquática de 10 km escapou no Campeonato Mundial de Gwangju ano passado que a nadadora ficou em 11º lugar e viu sua compatriota Lara Grangeon terminar entre as dez primeiras e garantir a vaga da França na prova.

O futuro da nadadora de 30 anos então, passou a ser incerto. Durante meses ela lutou para deixar de lado o resultado ruim no Mundial e lutou para seguir em frente, ponderando sobre o futuro. "Eu não conseguia sair e também não queria suportar este ano. Todo mundo ia falar sobre as Olimpíadas, todo atleta tentaria se qualificar, e aqui estava eu, a não qualificada. O que eu faria se não quisesse agonizar toda a temporada? Então, eu me dei esse novo desafio", comentou.

Aurélie Muller – Foto: Divulgação

Como chegar a Tóquio nas águas abertas estava fora de questão, Aurélie encontrou um outro desafio e motivação. Ela acreditava que ainda não havia atingido todo o seu potencial e estava ansiosa por poder novamente testar seus limites. Optou por encerrar a parceria de quase cinco anos com o Philippe Lucas e agora esta treinando com Fabrice Pellerin, que já trabalhou com os campeões olímpicos Yannick Agnel e Camille Muffat.

"Não pude continuar com Philippe, não porque as coisas não estavam indo bem. E também porque seria muito difícil para mim estar bem mentalmente sabendo que ele tem três atletas qualificados para os Jogos Olímpicos. Ele vai se concentrar muito e prepará-los para Tóquio, o que é normal. Eu já estava muito frustrada e com raiva por não conseguir a classificação, então seria como uma punição dupla. Simplesmente não podia fazer isso comigo mesma", disse Aurélie que agora vem treinando com Charlotte Bonnet e Jordan Pothain, que também almejam uma qualificação olímpica na piscina.

Aurélie vem tendo que se reajustar a um treinamento completamente diferente após de 12 anos visando apenas as águas abertas e esta sentido os efeitos desta mudança. "Pode ser bobagem dizer, mas de setembro a novembro eu estava basicamente aprendendo a nadar novamente. Fabrice é realmente orientado para a qualidade da natação e do próprio movimento. Foi difícil no começo porque meu corpo realmente precisava se adaptar para nadar menos quilômetros por dia e também para um tipo de foco completamente diferente.", completou.

Sharon van Rouwendaal, Aurélie Muller e Ana Marcela Cunha – Foto: Satiro Sodré/SSPress

Com o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021 devido a pandemia do COVID a francesa ganhou mais tempo para fazer essa transição das águas abertas para a piscina, porém, fatores extra-piscina podem atrapalhá-la. "É claro que esta mudança é a melhor decisão e todos esperávamos por isso. Mas, honestamente, minha mente não estava realmente pensando nisso. Duas das minhas melhores amigas são enfermeiras que lidam com a crise do COVID, minha avó é frágil e está em um lar de idosos, e minha mãe trabalha na indústria de alimentos e está sobrecarregada de trabalho. Estou extremamente preocupada", disse.

"É claro que não é fácil, mas pelo menos os Jogos não são cancelados. Mesmo com tudo que vem acontecendo, tento ver isso como uma oportunidade que me dá mais tempo para me preparar. E minha experiência me mostrou que tudo pode mudar até o último momento. Você nunca tem certeza de nada, então uma coisa de cada vez", finalizou.

A francesa foi bicampeã mundial nos 10 km em Kazan-2015 e Budapeste-2017. Nos Jogos do Rio-2016 havia chegado em segundo lugar, mas foi desclassificada após afundar a italiana Rachele Bruni na linha de chegada e perdeu a medalha de prata. Desde então vinha tentando provar a si mesma que poderia dar a volta por cima e conquistar a tão sonhada medalha olímpica. E essa oportunidade poderá novamente acontecer, só que desta vez na piscina.

Sobre o Autor

Daniel Takata
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.

Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.

Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.

Sobre o Blog

A Swim Channel é uma editora formada por nadadores que escreve exclusivamente sobre natação sendo eleita a melhor revista do segmento no mundo inteiro no ano de 2012. Através deste Blog, consegue fomentar noticias diárias aumentando o alcance do conteúdo editorial. Acompanhe entrevistas com atletas e personalidades, cobertura dos principais eventos, análises das diversas áreas relacionadas a nossa modalidade.

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