Aumenta número de nadadores de águas abertas durante a pandemia
A escritora e nadadora de águas abertas, Bonnie Tsui, escreveu um texto esta semana para o jornal britânico The Guardian sobre sua percepção de aumento dos nadadores de águas abertas. Ela vem recebendo ao longo da pandemia algumas cartas de nadadores que se renderam à prática de nadar ao ar livre, principalmente por ter se tornado uma alternativa aos treinos de piscinas. A escritora do livro "Por que nadamos?" escreveu e refletiu sobre o assunto.
Quando criança em Jones Beach, Nova York, ela passou muito tempo no mar e foi ali que teve seu primeiro encontro com as águas abertas. Ao longo de quase quatro décadas de natação, ela observou a mudança de cenário por trás dessa prática – da praia à piscina, do mar aberto à piscina – e seu papel em sua vida. Ela até escreveu um livro sobre isso, uma exploração cultural e científica da relação da humanidade com a água.
Assim como ela, o naturalista Roger Deakin descreveu a natação como tendo uma qualidade transformadora, de Alice no País das Maravilhas: "era uma atividade que tinha poder sobre sua percepção de si mesmo e do tempo. Quando você entra na água, algo como uma metamorfose acontece", escreveu. "Saindo da terra, você passa pela superfície do espelho e entra em um novo mundo. Você vê e experimenta quando está nadando de uma forma completamente diferente de qualquer outra. É avassalador", acrescenta.
Agora na Califórnia, Bonnie observou nos últimos meses o quanto nadar em águas abertas reflete a experiência que Deakin retratou de forma tão vívida. "A mudança periódica de perspectiva, do nível da terra para o nível da água, externo para interno, antropocêntrico para aquacêntrico, me ajudou a chegar ao outro lado de muitos dias difíceis", comentou.
Antes da pandemia ela nadava várias manhãs por semana na piscina e surfava o resto conforme as condições permitiam. Na época de isolamento encontrou no fluxo de cartas de leitores, que descrevem seu novo apreço pelas águas abertas, o processo de sua própria busca. No seu livro "Por que nadamos?", escreve que viver deliberadamente como um nadador significa que você é um buscador, um seguidor dos veios dos rios, que envolve um certo tipo de bravura para abraçar a incerteza.
Este ano, enquanto se preparava para um voo de volta à costa leste, uma viagem essencial para estar com entes queridos em um momento terrivelmente tenso, ela está tomada pela ansiedade. "Ainda assim, penso na natação, e principalmente na natação em águas abertas como uma educação vitalícia para enfrentar o medo", disse.
Bonnie escreve que somos puxados para o paradoxo da água como fonte de vida e morte, e descobrimos maneiras de nos conduzir nela. "Nem todo mundo é nadador, mas todo mundo tem uma história de natação para contar. No exame desta experiência universal, e ela é universal, quer você tenha medo da água ou não, quer você ame ou deixe de lado, você o encontrará em algum momento de sua vida. Nós nos encontramos flexionando nossos músculos de sobrevivência, silenciosamente triunfantes em nossa própria persistência", finalizou.
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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