O marketing no maiô que nadava sozinho
Mais de 250 recordes mundiais quebrados em uma das épocas mais memoráveis da natação no planeta. E muitas, muitas polêmicas. O LZR Racer, da marca Speedo, maiô extremamente tecnológico que tornou memorável uma geração de atletas, foi eleito nessa semana como um dos dez melhores cases internacionais da década no esporte. O ranking publicado no Máquina do Esporte buscou o que melhor aconteceu no marketing esportivo fora do Brasil na última década.
O traje impulsionou a indústria das modalidades aquáticas em 2008. Difícil não se lembrar dos Jogos Olímpicos de Pequim naquele ano, em que a peça, uma "obra-prima da engenharia aquática", com inspiração na Nasa, foi vestida por 23 dos 25 recordes quebrados nos oitos dias de competição na China. Foram 100% das medalhas de ouro masculinas em disputa (as oito de Michael Phelps, inclusive).
O maiô foi proibido ao final da temporada seguinte, após o Mundial de Roma-2009, outra enxurrada de recordes e marcas quase sobre-humanas. Foram banidos o LZR e todos os semelhantes lançados posteriormente de poliuretano.
As polêmicas e as marcas
A bagunça foi tamanha que os "supermaiôs" foram considerados como "doping tecnológico". Falava-se mais da vestimenta do que do esporte. A Fina entrou em contradição ao alegar que certos recordes seriam homologados, enquanto outros não. Depois, voltou atrás. No fim, todas as marcas feitas entre fevereiro de 2008 e dezembro de 2009 acabaram sendo aceitas, e têm demorado um tempo considerável para serem batidas.
Diante da polêmica na época, o jornal francês L'Équipe ameaçou não citar os recordes batidos até a Fina regulamentar os trajes. O "asterisco" virtual passou a fazer parte dos recordes nos comentários dos especialistas em natação. "Tempo antes ou pós era dos supermaiôs" tornou-se um jargão.
Com os recordes mundiais em mãos, uma rápida olhada nos permite perceber o peso da influência dos trajes tecnológicos. Sem eles, o homem não teria ainda superado a barreira dos 21 segundos nos 50m livre. Somente Cesar Cielo, detentor do recorde mundial, com 20s91, e Fred Bousquet atingiram a marca.
Todas as provas do estilo livre no masculino mantêm recordes da época com o "bônus" do tecido mágico, com exceção dos 1500m livre, melhor marca mundial feita por Sun Yang em Londres-2012. Todos os tempos de costas e borboleta, os 50m peito, além dos 400m medley de Michael Phelps e os revezamentos permanecem de 2008 ou 2009.
Já entre as mulheres, há uma mescla maior. O fenômeno Katie Ledecky tem os recordes recentes dos 400m, 800m, 1500m livre. No nado de costas, restam as marcas dos 50m e 100m de 2009, os 200m borboleta, os 200m medley e os 4×200 livre da China, batido no Mundial de Roma.
Não à toa o maiô que começou essa "moda" inesquecível – e não necessariamente de forma positiva – no mundo aquático.
Por Mayra Siqueira
Sobre o Autor
Redator da Revista Swim Channel. Tem colaborado com os principais veículos impressos e eletrônicos sobre natação e vem comentando competições no SporTV.
Guilherme Freitas
Jornalista da Revista Swim Channel e correspondente internacional de imprensa da FINA (Federação internacional de Natação), formado pela FMU e pós-graduado em Globalização pela Escola de Sociologia e Política.
Patrick Winkler
Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.
Mayra Siqueira
Repórter da Revista Swim Channel e jornalista esportiva da Rádio CBN. É correspondente da FINA (Federação internacional de Natação) no Brasil e é colunista de natação para o Blog Esporte Fino, da Carta Capital.
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